Governo deve promover novos cortes no orçamento
Jornal do Brasil - 07/07/2009
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo vai reduzir despesas para compensar a queda da arrecadação de impostos. Mantega não detalhou os cortes, mas garantiu que não atingirão programas considerados prioritários.
Ministro da Fazenda afirma que o Brasil vai retomar superávit de 3,5% em 2010
O governo avalia a possibilidade de promover novos cortes de despesas para evitar uma piora ainda maior da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) do país. Embora tenha evitado citar onde os cortes devem ocorrer, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez questão de assegurar não só que o reajuste salarial de servidores federais está garantido, como também não haverá cortes em programas considerados prioritários do governo, como o PAC e o Bolsa Família.
Mantega acrescentou que, com a redução dos juros, o Brasil deve ter em este ano um déficit fiscal de apenas 1,9% do PIB, a menor taxa entre os países que compõem o G-20.
O ministro negou, ainda, que o governo considere relaxar ainda mais a política fiscal. Neste ano, devido à crise, o ministério já reduziu a meta de superávit de 3,5% para 2,5% do PIB.
– Falam por aí que queremos zerar a meta de superávit primário. É conversa fiada, nunca defendi – disse Mantega, ao reiterar que, em 2010, a meta de 3,5% será retomada, excetuando-se a contribuição dos recursos da Petrobras.
Com isso, a relação dívida/PIB deve subir de 33% para 41% até dezembro, movimento influenciado também pelos efeitos da variação cambial sobre a dívida pública.
Para Mantega, o Brasil mostra sinais robustos de retomada.
– Nossa política está sendo bem sucedida – disse Mantega, ao acrescentar que as medidas anticíclicas adotadas pelo governo nos últimos meses, incluindo as relacionadas a depósitos compulsórios, redução de impostos na cadeia produtiva e aumento da oferta de crédito, já surtiram resultados.
A expectativa, para o fim do ano, de acordo com o ministro, é de retomada do forte ritmo de expansão da economia, atropelado pela crise no fim do ano passado.
– A indústria vai voltar a crescer no segundo semestre e o ritmo de expansão do PIB será de 3% ao ano no quarto trimestre – projetou.
O ministro previu ainda que o Brasil deve ter uma geração líquida de 500 mil a 700 mil novos empregos em 2009, número que deve subir para mais de 1 milhão de postos em 2010, quando espera uma expansão do PIB de 4,5%.
Mantega sinalizou com a adoção de possíveis medidas adicionais para estimular a economia, entre as quais uma redução ainda maior do nível dos empréstimos compulsórios.
– Poderá haver novas liberaçações, se o governo considerar conveniente – afirmou o ministro, ao salientar que os bancos públicos têm tido papel relevante no esforço do governo para reanimar a economia.
– Desde setembro, quando a crise piorou, os bancos públicos aumentaram a oferta de crédito em cerca de 20%, enquanto nos privados o aumento foi de só 2,5%.