Autor(es): Luciano Pires
Correio Braziliense - 19/08/2009
Elogiado pelos colegas de trabalho como alguém pontual, discreto e habilidoso ao volante, o motorista da ex-secretária Lina Vieira passou quase todo o dia de ontem confinado na garagem do Ministério da Fazenda. Ele é considerado a principal testemunha do suposto encontro entre Lina e Dilma Rousseff. Sem dar explicações aos curiosos, o rapaz deixou o galpão — que fica atrás do prédio anexo —, às 18h, acompanhado apenas de um amigo. Ele pediu demissão na segunda-feira. “Ninguém sabe direito o motivo. Talvez tenha achado coisa melhor para fazer”, justificou um dos motoristas. Funcionário da Delta Locação de Serviços e Empreendimentos Ltda, Warley cumpria jornada pesada de trabalho. Embora fosse terceirizado, costumava fazer plantões noturnos. Quando Lina estava no comando da Receita, o motorista era acionado para levá-la a alguns dos endereços mais conhecidos de Brasília. “Ele a levou a muitos lugares: ministérios, Planalto, mas a gente leva e traz as pessoas. O que elas fazem dentro dos prédios o motorista não tem como saber”, resumiu outro colega. Com um salário de R$ 1.000 por mês, Warley não parecia insatisfeito com a rotina. Pelo menos na avaliação dos amigos. “Todo mundo fica meio assim quando alguém fala de você na televisão”, advertiu outro motorista. No departamento de transporte e logística do Ministério da Fazenda, o ex-chefe de Warley não fez comentários sobre o pedido de demissão do rapaz. A Receita Federal informou que não se pronunciaria também.
RÁDIO CORREDOR
Tão logo a ex-secretária Lina Vieira começou a depor no Senado, os motoristas do Ministério da Fazenda viraram alvos de fofoca nos corredores. Servidores e terceirizados de outros departamentos abordaram os empregados do setor de transporte nos carros, na salinha dos motoristas, que fica no mezanino do ministério, e até no banheiro. “Todo mundo quis saber quem dirigia para a secretária. O cara virou celebridade”, disse uma mulher. Com a rádio corredor funcionando a todo vapor, o ex-motorista de Lina foi aconselhado a não falar com estranhos.