segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sindicalistas e petistas ocupam cargos mais altos


Folha de S. Paulo - 01/02/2010

Os mais altos cargos de confiança do governo federal são ocupados principalmente por sindicalistas e petistas.
Considerando só os cargos DAS 5 e 6, que são justamente o topo da carreira no serviço público, cerca de 25% dos ocupantes são filiados a algum partido, sendo que 80% desses funcionários são petistas. No primeiro mandato de Lula, 45% dos DAS 5 e 6 eram sindicalizados, número que variou para 42,8% no segundo mandato.
Os dados fazem parte de uma pesquisa comandada pela cientista política Maria Celina D"Araújo, professora da PUC-RJ. Ela publicou recentemente o livro "A Elite Dirigente do Governo Lula". A maior parte dos sindicalistas que foram nomeados é de professores (19,6%) e bancários (10,1%).
Ocupantes dos cargos de confiança pertenceram a centrais sindicais, especialmente à CUT (Central Única dos Trabalhadores): no primeiro governo Lula, 10,6% eram de centrais; no segundo, são 12,3%.
No primeiro mandato do governo Lula, apenas 36,7% dos filiados ao PT em cargos de confiança já haviam ocupado cargos do tipo anteriormente, no segundo, esse número saltou para 82,6%. O motivo foi a permanência nos cargos.
Segundo Maria Celina, "há fortes pressões para que os cargos de DAS possam ser usados como moeda política, e que essas pressões vêm também do Congresso e dos partidos, e não apenas do Executivo".
Ela diz, no entanto, que não se deve tratar de forma "dicotômica e excludente os técnicos-burocratas e os políticos", já que muitas vezes as nomeações políticas são destinadas a técnicos. Segundo a pesquisa, a maior parte dos cargos de confiança é ocupada por pessoas que têm graduação universitária e pós-graduação.
Mesmo assim, a cientista política vê a necessidade de ajustes, dizendo que "o governo, pelo menos nos dois mandatos de Lula, reúne fortes condições de adaptar a máquina do Estado aos interesses de seu partido".
Ela critica decreto de 2003, que concentrou todas as nomeações de cargos de confiança na Casa Civil, comandada então por José Dirceu.
A professora diz que a expressiva presença de sindicalistas no governo é resultado de três processos: a incorporação dos trabalhadores e dos sindicatos como atores do sistema político; a intensa sindicalização no setor público a partir dos anos 1990; e a eleição de um ex-operário sindicalista para presidente em 2002.
Por isso, a cientista política conclui que essa presença é sinal de "maiores oportunidades para os grupos sociais demandarem e participarem das políticas públicas e até do governo", mas ressalva para o risco de uma "uma cooptação do movimento social pelo Estado".


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra