segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Embrapa, um exemplo de gestão moderna


Autor(es): Wagner Rossi
Correio Braziliense - 07/02/2011


Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
A agricultura brasileira bate recordes importantes de produção de alimentos e vendas no comércio internacional. Seu sucesso deve-se à persistência do produtor, à eficácia das políticas públicas do governo federal e à inovação de pesquisadores e cientistas agrícolas. Daí por que uma organização pública dedicada à pesquisa e tecnologia tem na escolha dos dirigentes uma oportunidade para aprofundar boas práticas políticas e administrativas. Isso ajuda a explicar, certamente, os números do setor em 2010: produção de 149 milhões de toneladas de grãos e exportações no valor de US$ 76,4 bilhões.

Não dá para deixar de falar do papel da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, na construção dessa revolução. Uma das mais respeitadas instituições de pesquisa do mundo, cuja excelência é reconhecida no país e no exterior, a Embrapa é exemplo em governança. Em vez das tradicionais indicações políticas e de compadrio, tem sua diretoria definida por critérios objetivos.

Esse aperfeiçoamento da Embrapa é fruto da evolução do país nas últimas décadas. É pela via dos concursos públicos que são selecionados os chefes gerais dos 46 centros de pesquisa da empresa, distribuídos em todos os estados. Qualquer pesquisador da área pública ou privada pode se candidatar ao cargo, apresentando currículo e programa de trabalho. As candidaturas são avaliadas por bancas, integradas por especialistas da Embrapa e das universidades mais conceituadas do país, que indica os melhores à diretoria colegiada da empresa. Tal sistema representa um avanço, evitando equívocos de escolhas subjetivas, ainda que bem intencionadas.

No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Embrapa deu outros passos para seu aperfeiçoamento organizacional. O conselho de administração instituiu a metodologia dos “comitês de busca” para a escolha dos próprios diretores executivos e do diretor-presidente da instituição. As normas têm regulamento próprio e público. O comitê é formado por especialistas da Embrapa e presidido por um membro do conselho de administração. Além de receber as candidaturas, estimuladas por edital, o comitê pode convidar outros nomes. A etapa seguinte é a avaliação curricular e do programa de trabalho dos candidatos, levando em consideração a idoneidade moral, a reputação profissional e a experiência administrativa.

A partir daí, o comitê elabora lista classificatória, justificando os resultados. Em seguida, os nomes são encaminhados ao conselho de administração, que seleciona os três primeiros nomes. Só então, os nomes são levados ao ministro da Agricultura, que os submete ao presidente da República para a tomada de decisão.

Há quem possa questionar como saber se as escolhas estão sendo acertadas. Isso se avalia acompanhando o desempenho dos dirigentes e da própria Embrapa. A experiência indica que os métodos adotados têm mais virtudes que defeitos. Basta reparar que escassearam as crises provocadas por nomeações equivocadas. A transparência e a objetividade dos processos conquistaram o respeito de todos os pesquisadores e empregados da empresa. Não há seguro contra enganos, mas a possibilidade de acerto num processo democrático é maior.

Outro indicador positivo tem sido a receptividade da sociedade. O Ministério da Agricultura encaminha à Embrapa as demandas do setor produtivo e monitora os resultados. A empresa atende ainda a demandas de outros ministérios e órgãos governamentais e privados. Todos os segmentos do setor têm dado testemunho do êxito da Embrapa na entrega de tecnologia de ponta para a agricultura familiar e empresarial, das soluções para problemas de comunidades indígenas e tradicionais até a agroindústria mais moderna. Para todos, a Embrapa tem sido eficaz. Daí vem sua legitimidade, reforçada pela intensa demanda de países africanos e latino-americanos, que testemunham o respeito e prestígio da Embrapa internacionalmente.

Uma empresa com caráter científico e ação não pode ficar à mercê dos poderosos do momento, por melhores que sejam suas intenções. Por isso, com o apoio da presidente Dilma Rousseff, defendo o processo de escolha dos dirigentes da Embrapa, para garantir sua independência, sua liberdade e seus mandatos. Não há ciência nem pesquisa sem liberdade.


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