terça-feira, 5 de abril de 2011

Gazeteiros investigados


Autor(es): Josie Jeronimo
Correio Braziliense - 05/04/2011



Senado abre sindicância para apurar casos de servidores que bateram o ponto biométrico e foram embora sem trabalhar
 
O Senado criou uma comissão de sindicância para apurar denúncias de fraudes no sistema de ponto biométrico. Na última sexta-feira, data escolhida para que 4.967 dos 6.027 funcionários efetivos e comissionados apresentassem o crachá e inserissem o polegar nos pontos de registro —, servidores foram flagrados batendo ponto e voltando para casa. Em vez de acessar os pontos para coleta de frequência que ficam nas dependências internas do Senado, os gazeteiros utilizavam aparelhos externos, fixados nos arredores do serviço médico da Casa.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), considerou “graves” as denúncias. “Naturalmente, o funcionário é obrigado a trabalhar. Ele faz concurso, mas é o povo que paga o salário de todos. Manchar a imagem da Casa, não. Temos mais de 5 mil funcionários e o Senado mostrou que deseja controlar a frequência”, criticou Sarney.

O blog do Senado divulgou ontem carta da servidora Edilenice Passos, flagrada por uma emissora de TV voltando para casa após bater o ponto. No documento, a funcionária alega que foi orientada a trabalhar em casa, porque a seção estava em reformas. “O que a reportagem omitiu é que isso (bater ponto e voltar para casa) aconteceu porque o meu local de trabalho (Museu do Senado) passava por reforma. Enquanto foi possível trabalhar, eu trabalhei. Trabalhei com o barulho e a poeira provocados pela reforma do plenário vizinho ao museu, trabalhei com cheiro de cola usada para fixar os novos carpetes. A certa altura, foi necessário interditar o museu para a reforma do teto. Os computadores foram desligados, as mesas, cobertas. Quando não era mais possível trabalhar, recebi a orientação que deveria bater meu ponto e trabalhar em casa. E trabalhei”, argumentou.

Edilenice será uma das servidoras investigadas pela comissão de sindicância. De acordo com a Secretaria de Comunicação, o grupo encarregado de apurar a fraude no sistema de ponto biométrico terá até 30 dias para analisar os fatos. Se a investigação apontar a má-fé dos servidores na tentativa de burlar o sistema de registro, a comissão pode sugerir a instauração de processo administrativo disciplinar contra os funcionários envolvidos na fraude.

"Naturalmente, o funcionário é obrigado a trabalhar. Ele faz concurso, mas é o povo que paga o salário de todos”

José Sarney, Presidente do Senado


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