segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O problema não são os salários dos ministros do Supremo, mas o esquema armado para que muitos ganhem como eles



Coluna do Ricardo Setti     -     05/09/2011





A coluna que o jornalista Carlos Brickmann publica este domingo, dia 4, em 5 jornais tem suas 3 principais notas sobre o novo salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o efeito-cascata que ele produz e seu impacto nas contas públicas. O título original da coluna é o que segue:

Justiça para a Justiça

Os ministros do Supremo Tribunal Federal têm toda a razão no seu pedido de aumento: 30.600 reais mensais são até pouco para quem tem sua carga de responsabilidade. E não queremos ministros do Supremo preocupados com o pagamento de suas contas: precisamos de ministros que pensem em Justiça para nós.

O problema não são os onze ministros do Supremo. O problema é a complexa teia que foi montada para que muita gente ganhe, discretamente, os mesmos vencimentos que eles. Uma coisa é pagar bem a onze ministros; outra é estender esse pagamento a 513 deputados, 81 senadores, sabe-se lá quanta gente por aí – e sabendo que, só no Senado, 464 funcionários ganham muito mais do que eles.

Arquitetou-se um sinistro sistema de chupinhagem: os vencimentos de ministros do Supremo viraram referência. Deputados federais e senadores ganham a mesma coisa que eles, deputados estaduais ganham quase a mesma coisa, milhares de vereadores ganham uma porcentagem disso. Não há arrecadação que aguente o efeito-cascata, não há impostos que cheguem.

Para que toda a chupinhagem seja atendida, para que o secretário executivo da Gráfica da Rebimboqueta da República ganhe o mesmo que um ministro do Supremo, o que acaba acontecendo é que: 1) o ministro acaba recebendo menos do que deveria; b) o Tesouro gasta mais do que poderia; 3) a carga tributária se eleva, pois do couro saem as correias, mas mesmo assim não há dinheiro para os serviços essenciais.

Pague-se bem a quem deve ser bem pago. E negocie-se o restante caso a caso.

O que é, o que não é

Mas que fique bem claro: “pagar bem” se refere ao contracheque, não às mordomias. Por exemplo, nos Estados Unidos, bem mais ricos que o Brasil, os ministros da Suprema Corte não têm carro à disposição (só o presidente da Casa).

O que não é, o que é

O governo tem toda a razão quando argumenta que o aumento dos vencimentos do Supremo provocará uma cascata de gastos em todo o país. Mas que é que o governo e sua base de apoio fazem para desmontar a chupinhagem? E será que um governo com 40 Ministérios se sente à vontade para pedir economia?

Lá vem bomba



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