Blog do Noblat
- 15/11/2011
Roberto Maltchik e Fábio Fabrini, O Globo
Excursionar pelos corredores da Controladoria Geral da União
(CGU) é certamente menos palpitante que correr os olhos pelas auditorias
produzidas ali, com a crônica das perversões e malabarismos cometidos com o
dinheiro público Esplanada afora.
O ambiente é silencioso, com um quê de biblioteca. Tomado
por pilhas de processos, parece bem mais uma repartição pública do que
sugeriria o imaginário sobre um órgão que investiga corrupção.
Os analistas de finanças e controle não usam lupa e não
recorrem a escutas. Passam o dia com os olhos vidrados na tela do computador ou
debruçados sobre planilhas e processos, à moda antiga.
Têm mais um jeitão de nerds, e só se despem desse
estereótipo às 15h30m, quando uma professora de ginástica, devidamente
uniformizada, chama cada grupo ao corredor para uma aula de ginástica laboral,
ao som de blues.
Dali saíram, recentemente, confirmações escabrosas, como a
de que as irregularidades cometidas por empreiteiros, políticos e servidores
abriram um rombo de quase R$ 700 milhões no Ministério dos Transportes.
Os nerds já expulsaram da administração pública, desde 2003,
3.434 sanguessugas com crachá de funcionários públicos - 465 só de janeiro a
outubro deste ano, um recorde.
Colocaram na internet o breve relato de todos os convênios
com ONGs, a caixa-preta dos ministérios. E colaboraram com a Polícia Federal em
muitas operações.