segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Com apoio do PMDB, fundo para servidores deve ser votado



Autor(es):  João Villaverde  
Valor Econômico     -     14/11/2011






Brasília - O governo fechou um acordo com o PMDB na Câmara para aprovar, até o fim deste mês, o Projeto de Lei 1.992/07, que cria o fundo de previdência complementar do servidor federal, o Funpresp. Segundo um ministro diretamente envolvido na negociação, o apoio dos parlamentares do PMDB é "central" para os planos da presidente Dilma Rousseff, que espera ter o PL aprovado na Câmara e no Senado até o fim do ano.

Pelo entendimento, o governo terá cerca de 50 votos dos parlamentares do PMDB em plenário. Em troca, o governo aceitou que o PL fosse votado na Comissão de Seguridade Social, presidida pelo deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG). A estratégia foi a maneira encontrada para prestigiar o PMDB numa discussão prioritária para o governo e que até então estava concentrada, na Câmara, nas negociações do governo com os parlamentares do PT, PTB, PCdoB e PDT.

O PL tramita na Câmara em caráter de urgência e deve bloquear a pauta de votações do plenário a partir do dia 21 de novembro. Para aprová-lo, o governo precisa de cerca de 130 votos. Além dos 50 votos do PMDB, o governo também calcula ter o apoio de 60 petistas. Uma parcela minoritária dos 87 deputados petistas é contrária ao projeto, assim como as bancadas do PDT e do PCdoB - partidos ligados, respectivamente, às centrais sindicais Força Sindical e CTB.

O prestígio dado pelo Planalto ao PMDB na discussão do assunto foi rapidamente respondido por Saraiva, que já se reuniu com os ministros Garibaldi Alves, da Previdência Social, e Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, para definir o estratagema a ser adotado nesta fase final de tramitação. O PL 1.992/07 tramita simultaneamente pelas comissões de Seguridade Social (CSS), Finanças e Tributação (CFT) e Constituição e Justiça (CCJ) - mas, pelo acordo com o PMDB, ficará na comissão de Saraiva a votação decisiva.

O relator do projeto na comissão presidida por Saraiva, o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), receberá as entidades sindicais de servidores federais nesta semana e terá, até o fim do mês, os relatórios da CCJ e da CFT. Ficará concentrada na comissão de Saraiva as discussões e a votação do relatório "final", que será levado em seguida ao plenário.

"O governo já deixou claro que este é o projeto prioritário de Dilma no Congresso tão logo tenha a renovação da DRU", afirmou Saraiva ao Valor, em referência ao projeto que prorroga a vigência da Desvinculação das Receitas da União (DRU). "Se o governo quer aprovar e tem maioria para tanto, melhor convocar todos os atores contrários para fazer uma discussão e implementar mudanças no projeto", disse. A lógica do deputado é conduzir as negociações com os servidores na comissão, de forma a dar "ainda mais legitimidade" ao projeto.

O governo já trabalha na acomodação de pequenas alterações no futuro funcionamento do Funpresp. Na semana passada, Garibaldi e Jaime Mariz, o secretário de Políticas de Previdência Complementar da Pasta, reuniram-se com técnicos da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), que apresentaram as estimativas de remuneração que o Funpresp dará aos servidores.

O governo vai preparar um segundo fundo, ligado à estrutura do Funpresp, que servirá de garantia ao principal - será acionado quando os recursos acumulados pelos beneficiários se extinguirem antes do falecimento do aposentado. Além disso, o Funpresp deve ter seu prazo autuarial ampliado em 15 anos, atingindo, ao todo, um limite máximo de 40 anos para o pagamento das pensões aos cotistas.

Na audiência pública conduzida por Saraiva na semana passada, na Câmara, o assessor da secretaria executiva do Ministério da Fazenda, Ricardo Pinheiro, admitiu que o governo deve também alterar, no projeto, a forma como o Funpresp será gerido, permitindo uma administração semelhante ao dos fundos de pensão de estatais, que podem ou não terceirizar sua gestão de recursos. Pinheiro também afirmou que o governo estuda a criação de planos individuais, isto é, para representar os servidores de cada um dos três Poderes, dentro do Funpresp, um fundo único.

A partir da criação do Funpresp, que Dilma espera ter em funcionamento no primeiro trimestre do ano que vem, os servidores que ingressarem na União terão sua aposentadoria limitada pelo teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), tal qual ocorre com os demais trabalhadores no país. Para receberem acima deste valor, hoje em R$ 3.691 mensais, o servidor terá de aplicar no Funpresp. O Tesouro Nacional cobrirá até 7,5% dos aportes - patamar semelhante ao adotado na maior parte dos fundos de previdência complementar do setor privado.



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