Blog do Noblat
- 13/11/2011
Sílvia Amoriam, O Globo
Um trem da alegria está sendo conduzido pelo PDT no
Ministério do Trabalho. Com o aval do ministro Carlos Lupi, presidente
licenciado da legenda, o comando das Superintendências Regionais do Trabalho
por todo o país tem sido entregue a filiados do partido. Levantamento feito
pelo GLOBO identificou que em pelo menos 13 estados a chefia das unidades está
nas mãos de dirigentes partidários ou candidatos derrotados na eleição de 2010.
De janeiro a outubro, Lupi nomeou dez novos superintendentes
(Rio, Amazonas, Ceará, Pará, Paraná, Rondônia, Santa Catarina, Tocantins,
Paraíba e Mato Grosso do Sul). Sete são filiados ao PDT e os outros têm algum
tipo de relação com políticos da legenda.
Quando o assunto é gestão, essas unidades estão longe de ser
exemplares. No Tribunal de Contas da União, na Controladoria Geral da União e
no Ministério Público Federal elas são alvo de processos por irregularidades
que vão de contratações sem licitação ao uso de funcionários ligados a
sindicatos ou empresas em atividades-fim, o que é vedado por lei.
São 27 as Superintendências Regionais do Trabalho. Também
conhecidas como Delegacias Regionais do Trabalho, representam o ministério nos
estados e têm como função mediar e arbitrar sobre negociação trabalhista
coletiva, supervisionar regionalmente as ações do ministério e emitir carteiras
de trabalho.
Essas regionais custaram este ano R$ 10,1 milhões aos cofres
federais. Mas não é o orçamento que desperta tanta cobiça pelo órgão. Segundo
representantes de sindicatos de trabalhadores e do setor patronal, a tarefa de
fiscalizar o setor produtivo sobre o cumprimento da legislação trabalhista é o
maior atrativo por causa do alto potencial arrecadatório de propina. Essas
estruturas também acabam sendo usadas como trampolim político para
superintendentes.