Autor(es): Júnia Gama
Correio Braziliense - 08/11/2011
Crise global é usada como argumento para convencer o
Congresso a não aumentar vencimentos do funcionalismo
O Palácio do Planalto mandou ontem um recado ao Congresso
para que não seja aprovado nenhum aumento salarial aos servidores neste ano. A
presidente Dilma Rousseff usou a crise econômica internacional para
sensibilizar os líderes da base parlamentar do governo, que se reuniram ontem
no Planalto, a não ceder às pressões das categorias que atuam fortemente para
conseguir turbinar suas folhas de pagamento. Somente o aumento requisitado pelo
Judiciário implicaria gasto de R$ 7 bilhões anuais.
Apesar de o relator do Orçamento, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), ter encontrado R$ 26,5 bilhões extras na previsão
de receitas para 2012, Dilma determinou que os recursos disponíveis sejam
concentrados em investimentos que, segundo ela, serviriam como antídoto para a
crise. O alerta veio dias após a reunião do G-20 — grupo das maiores economias
mundiais — em Cannes, na França, em que a crise mundial foi amplamente discutida.
Segundo o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, Dilma
afirmou que, apesar do "relativo sucesso" do encontro, foi possível
"ter uma noção mais detalhada dos desdobramentos da crise europeia e
perceber que o cenário de situação ainda não resolvida vai durar algum
tempo".
A presidente destacou a importância de o Brasil manter o
controle das despesas e aumentar os investimentos. No programa da rádio
"Café com a Presidenta", Dilma reforçou a tese: "Todos (os
líderes do G-20) concordaram que essa crise não pode ser tratada com mais
recessão, porque aí o mundo entra em uma crise sem fim. O grande desafio é o caminho para retomar o crescimento: o
caminho do investimento, do consumo e da geração de empregos", disse.