Agência Senado
- 16/11/2011
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), em pronunciamento nesta
quarta-feira (16), aconselhou a presidente Dilma Rousseff a não criar empresas
gestoras de hospitais, dizendo que fazia uma crítica construtiva com o objetivo
ajudar a evitar que o sistema de saúde "entre num pantanal em função de um
erro".
- Logo após a Emenda 29 , vamos precisar das emendas 30, 31
e 32, porque o que se está propondo hoje, com a criação desta empresa gestora
de hospitais universitários, é a antevéspera do caos - afirmou.
Requião lembrou que quando governou o Paraná teve problemas
com empresas públicas e fundações universitárias devido à disparidade salarial
e contratações irregulares entre outras questões que, segundo ele, tornaram a
situação caótica.
Por falta de hospitais públicos, advertiu o senador, os
hospitais universitários se transformaram inadequadamente em extensões do
Sistema Único de Saúde (SUS), quando o papel que lhes cabe deveria ser o
didático-pedagógico, voltado à pesquisa e vinculado à universidade. Ele
criticou a proposta de criação de uma empresa gestora para resolver o problema
de 27 mil contratos irregulares em todo o país.
- Vai-se por água abaixo a autonomia universitária. Deixam
de ser hospitais universitários e se consagra essa estrutura voltada ao SUS -
lamentou.
Requião indagou o que vai acontecer com os médicos,
enfermeiras e trabalhadores do SUS, que não são dos quadros de pessoal dos
hospitais universitários, quando os reitores ou os conselhos de administração
dessas empresas resolverem pagar salários de mercado aos profissionais que não
são do SUS. Segundo ele, provocará "anarquia e confusão
incontroláveis", selando o fim dos hospitais universitários e sacrificando
o ensino da Medicina.
- O caminho correto seria fazer concurso público, colocar os
hospitais para valer e fazer uma reformulação no miserável salário que os
médicos recebem hoje no Brasil. Em vez de resolvermos um problema estamos
criando uma confusão, que será potencializada pelos dissídios coletivos, pelos
privilégios estabelecidos pelos conselhos deliberativos desta empresa -
alertou.
O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse, em aparte, que
fica na dúvida em relação à eficiência na gestão daqueles hospitais.