segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Salário privado sobe mais que o público



FENAPEF     -     13/02/2012





Após seis anos recebendo reajustes maiores que os trabalhadores privados, os servidores públicos tiveram ganho de renda menor em 2011.

A remuneração média dos funcionários federais, estaduais, municipais e militares teve ganho real (acima da inflação) de 2,1% no ano passado, enquanto a remuneração média dos trabalhadores formais e informais do setor privado aumentou 2,6%.

Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, abrangendo as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre.

A interrupção de uma tendência que vinha desde 2005 indica que, após seis anos de concessão de aumentos mais generosos, os governos passaram a segurar os gastos com pessoal no ano passado.

Já no setor privado, o avanço da renda perdeu menos fôlego porque, apesar do desaquecimento da economia, o desemprego se manteve em queda, o que beneficia os trabalhadores nas negociações.

Na esfera federal, o cenário vai se repetir em 2012. O governo Dilma foi duro ao negociar o Orçamento e rejeitou a maioria das reivindicações, negando reajuste ao Judiciário e aos servidores das universidades federais, cuja greve durou mais de três meses.

Para justificar o congelamento dos salários, o governo diz que é importante controlar os gastos para enfrentar a turbulência externa, já que a raiz da atual crise nos países desenvolvidos está no alto endividamento público.

Além disso, o Planalto quer limitar a expansão do consumo para permitir que a taxa básica de juros caia sem causar descontrole da inflação.


DIFERENÇA MAIOR

De 2004 a 2011, aumentou a diferença de renda entre os setores. A remuneração média no setor público acumulou ganho real de 35,5% e foi a R$ 2.590. A do mercado privado cresceu 20%, a R$ 1.440.

Durante o governo Lula, foram firmados 70 acordos coletivos que beneficiaram mais da metade dos servidores federais. O gasto médio por servidor ativo do Executivo federal dobrou para R$ 6.377,68 ao mês (incluindo remunerações extras como gratificações) de 2002 a 2010.


Segundo o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Roberto Nogueira, a década de 90 foi um período de contenção de gastos públicos devido à necessidade de reduzir o deficit fiscal (quando o governo gasta mais do que arrecada).

"Isso criou uma defasagem nos salários que tornou necessária a concessão de reajustes maiores nos anos 2000 para recompor a renda."

Estudioso do setor público, o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Nelson Marconi vê uma motivação política. Na sua opinião, os aumentos dados pelo governo Lula visaram recuperar o apoio do funcionalismo, abalado pela reforma da Previdência (2003) e pelo escândalo do mensalão (2005).

"O PT sempre teve um apoio muito forte dos servidores e o ex-presidente Lula se preocupou em manter ou recuperar este apoio."

Fonte: Folha de S.Paulo



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra