Agência Senado
- 30/03/2012
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) protestou nesta
sexta-feira (30) contra o que denominou
de “geleia geral em que se transformou o Senado” e criticou os chamados
partidos de esquerda – PT, PCdoB, PSB e PDT – por terem aprovado o Fundo de
Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp). Da tribuna,
ele confessou seu desencanto com a política brasileira.
Depois de afirmar que o Funpresp é um fundo de investimento
no mercado em turbulência, Requião acusou os partidos que o aprovaram – entre
eles, o PMDB – de ignorarem a crise global e a brasileira. Segundo ele, o tão
apregoado colchão de reservas internacionais do país – de US$ 300 bilhões – pode
ser insuficiente para conter uma eventual saída do capital volátil.
Esses partidos, na avaliação do parlamentar, “não perceberam
ainda” que, nos últimos 30 anos, o país está se desindustrializando com as
políticas liberais. Ele criticou a ausência de uma “política séria” que
contenha o ingresso do “capital vadio” na Bolsa de Valores e evite “a política
de terra arrasada” causada pelo dólar barato.
A análise sobre a crise e os partidos de esquerda foi
provocada por um comentário da deputada Jô Moraes (PCdoB) de que Requião seria
um “rebelde sem causa”, referindo-se a sua oposição ao projeto que regulamenta
a previdência complementar do servidor público.
– E, de repente, uma amiga militante do PCdoB transforma
toda minha atuação, tenta resumir minha atitude de crítica, de construção e de
alerta no Congresso Nacional em uma rebeldia sem causa – lamentou.
Para o senador, os políticos de esquerda cortaram os laços
com a ideia de transformação da sociedade brasileira, “que em um dia tão
distante cultivamos”. Segundo ele, a “grande política” foi escorraçada do
Parlamento e dos sindicatos e hoje está confinada aos livros.
Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que
hoje prevalece “a política de birutas de aeroporto”. Ele disse preferir “a
política da bússola” que define rumos mesmo contra a corrente dominante na
opinião pública. Cristovam também fez críticas à criação do Funpresp e
concordou com a análise de Requião sobre a desindustrialização.