segunda-feira, 18 de junho de 2012

Com poucos defensores e servidores, Defensoria Pública da União restringe atendimento em São Paulo



Agência Brasil     -     18/06/2012





São Paulo – A Defensoria Pública da União em São Paulo passou a restringir no estado, a partir de hoje (18), o atendimento à população. A medida foi adotada em razão da falta de infraestrutura e do pequeno número de servidores e defensores trabalhando em São Paulo. Nos próximos 45 dias, só serão atendidas demandas urgentes, como casos criminais e de risco de morte, como pedidos de medicamentos e internações.


O defensor público-geral federal, Haman Córdova, visitou as instalações e constatou a falta de estrutura da unidade. Ele disse que a decisão foi tomada “tendo em vista um quadro de falta de servidores, a gente teve de restringir [o atendimento] para poder dar vazão aos prazos processuais que já estavam correndo dentro da própria defensoria”, disse Córdova a Agência Brasil.


Na unidade de São Paulo, 58 defensores atendem a 110 pessoas por dia. De acordo com a Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef), a falta de defensores federais acarreta acúmulo de processos. O cartório da Defensoria Pública Federal em São Paulo já tem 5.404 movimentações na área civil, previdenciária, tributária e criminal. De 15 de fevereiro a 12 de março foram feitos 2.157 atendimentos na área de triagem, com apenas cinco defensores, em jornadas de dez a 12 horas de trabalho.


“Os defensores estavam perdendo prazo, deixando de protocolar ações fundamentais à vida dos cidadãos em um prazo razoável, por uma ausência total de estrutura” disse à Agência Brasil o presidente da associação, o defensor Gabriel Faria Oliveira. “Chegou-se à conclusão de que, entre trabalhar de uma forma precária, fazer assistência jurídica de mentira, é melhor não fazer do que prejudicar o cidadão, com trabalho totalmente ineficiente”, ressaltou.


A associação sugere, ao menos, a contratação, no estado, de 240 defensores para atender minimamente as pessoas que não têm condições de contratar um advogado particular. Todas as demandas judiciais que são de âmbito federal, como as trabalhistas e previdenciárias, só podem ser defendidas por um advogado particular ou pela Defensoria Pública da União, ligada ao Ministério da Justiça.


“A Defensoria Pública da União é a única sem autonomia no Brasil [está atrelada ao Ministério da Justiça]. Todas as estaduais têm e podem propor o seu orçamento de forma condizente. É isso que acarreta uma terceirização nos serviços da defensoria. E como os terceirizados que tinham na defensoria não existem mais, não há ninguém para fazer a movimentação processual”, disse o presidente da Anadef, Gabriel Faria.


Segundo o defensor público-geral Haman Córdova, há risco de outras defensorias nos demais estados também terem de reduzir o atendimento. “Sim, há risco. A gente está evitando porque estamos tentando manter os poucos servidores que nós temos, somados a alguns requisitados”, destacou. “A defensoria federal é uma instituição daquelas essenciais na Justiça, segundo a Constituição Federal, ao lado do Ministério Público e da Advocacia Pública. Mas é, disparado, a defensoria pública que tem o menor orçamento.



Isso é um problema de âmbito nacional que a gente teria de resolver para ter sedes mais dignas, parque de informática mais adequado, prestar um serviço de melhor qualidade”, completou.
De acordo com o defensor-geral, em 45 dias a situação de São Paulo pode ser revertida.



"A gente está trabalhando para repor seis vagas [de defensores] e, com a finalização das licitações [para repor funcionários terceirizados], a gente consegue reabrir a unidade para que ela funcione minimamente. Isso até a chegada definitiva dos servidores”, declarou.

De acordo com Córdova, o Ministério da Justiça, já encaminhou três projetos de lei para a aprovação do Ministério do Planejamento para a abertura de 2 mil novas vagas de técnicos e 800 de defensores, além de 500 para funções comissionadas.


Procurado pela reportagem, o Ministério da Justiça informou, por meio da assessoria de imprensa, que o assunto deve ser tratado pela própria Defensoria Pública Federal.




Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra