Gustavo Henrique Braga
Correio Braziliense - 21/06/2012
Servidores fazem pressão em favor de projeto de lei que
reestrutura a carreira. Movimento pode prejudicar o registro de candidaturas às
eleições municipais
Os servidores do Judiciário e do Ministério Público da União
(MPU) no Distrito Federal aprovaram uma paralisação de 48 horas entre
terça-feira e quarta-feira da semana que vem. O plano original dos sindicato
era o de uma greve por tempo indeterminado a partir de hoje, mas os
trabalhadores recuaram na expectativa de que seja apresentado na Comissão de Tributação
e Finanças da Câmara o relatório do Projeto de Lei nº 6.613/2009, que trata da
restruturação de carreira.
"A conversa que tivemos é para que o relatório seja
apresentado na terça-feira e o projeto seja votado na quarta", explicou
Jailton Assis, coordenador do sindicato no Distrito Federal. Os sindicatos
filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do
Ministério Público da União (Fenajufe) já haviam cruzado os braços por 24 horas
no último dia 12, ato que foi repetido ontem, em Brasília. A Fenajufe também
orientou os sindicatos da base a fazerem greve em 4 e 5 de julho, com foco na
Justiça Eleitoral.
A escolha desses dias levou em conta o fato de que, nesse
período, termina o prazo para o registro das candidaturas às eleições
municipais de outubro. A promessa dos sindicalistas é de que a mobilização dos
servidores irá comprometer o pleito. Ainda como parte da estratégia de
aproveitar o processo eleitoral nos municípios, a Federação vai elaborar um
documento destinado aos partidos políticos em que a categoria pedirá
manifestações de apoio à agilidade nas negociações entre os três poderes.
Outra orientação é para que toda quarta-feira seja marcada
com protestos pela aprovação do plano de cargos e salários da categoria. Nesses
dias, além das manifestações nas capitais, os sindicatos deverão enviar
representantes a Brasília para acompanhar as sessões da Comissão de Finanças e
Tributação da Câmara e pressionar os parlamentares.
Executivo
Os servidores do Executivo também protestaram ontem com uma
passeata no Centro do Rio de Janeiro, em conjunto com diversos outros
movimentos sociais. Por enquanto, seis ministérios já aderiram à greve por
tempo indeterminado: Saúde, Previdência, Trabalho, Justiça, Relações Exteriores
e Desenvolvimento Agrário (MDA). Além desses, também cruzaram os braços
funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e
do Arquivo Nacional. Após três dias, a greve do Executivo ainda não resultou em
nenhuma contraproposta por parte do governo.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal (Condsef) assegura que a mobilização vai crescer nos próximos dias, até
atingir todos os órgãos. Até o momento, entretanto, a maior parte do
funcionalismo continua a dar expediente normal, a despeito da convocação para a
greve.