Gustavo Henrique Braga
Correio Braziliense
- 27/06/2012
Servidores e estudantes ocuparam ontem a porta de
ministérios. No da Educação, representantes da UNE se reuniram com o ministro
Aloizio Mercadante e tiveram a promessa de ampliação das instituições federais
de ensino. O governo também sancionou lei para a contratação de 77.178
profissionais para o setor. No do Planejamento, funcionários cobraram reajuste
salarial.
Servidores promovem série de manifestações e prometem
intensificar o movimento. Prazo para assegurar aumento está no fim
Diante dos primeiros sinais de desgaste da greve geral no
funcionalismo, os sindicalistas apelam cada vez mais à categoria para
intensificar os protestos. A paralisação total dos órgãos do Executivo foi
convocada há 10 dias, mas, até o momento, dos 37 ministérios que formam a
administração federal, 29 continuam a funcionar normalmente. Ontem, os
manifestantes se reuniram em frente ao Ministério do Planejamento para cobrar
uma contraproposta à campanha salarial unificada do Executivo. O ato,
entretanto, não sensibilizou o governo. A Secretaria de Relações do Trabalho
(SRT), encarregada das negociações, permanece sem qualquer previsão se acatará
alguma das reivindicações.
Quanto mais o tempo passa, maior é o temor das centrais
sindicais de que a greve deste ano se transforme em um fiasco, sem qualquer
conquista relevante para a categoria. O motivo é que o envio do Projeto de Lei
Orçamentária de 2013 para o Congresso precisa ser feito até 31 de agosto.
"Temos 64 dias para garantir os nossos recursos no Orçamento. O tempo é
curto, por isso temos que intensificar a greve", declarou Oton Pereira
Neves, secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no
Distrito Federal. Enquanto o governo se mantém calado, mais dois ministérios
prometem aderir à greve a partir de amanhã: Comunicações e Transportes.
Eles se somarão aos funcionários de outros oito ministérios
que já estão de braços cruzados: Saúde, Previdência, Trabalho, Agricultura,
Justiça, Integração Nacional, Relações Exteriores, Desenvolvimento Agrário. A
partir de sexta-feira, também devem entrar em greve os servidores do Hospital
das Forças Armadas (HFA). A intensificação dos protestos incluirá, ainda, a
montagem de um acampamento dos servidores no meio da Esplanada dos Ministérios,
a partir de 4 de julho. A vigília será por tempo indeterminado e deve reunir
entre 5 mil e 6 mil trabalhadores.
Itamaraty
Os servidores do Itamaraty também fizeram uma manifestação
ontem. Eles se concentraram em frente ao Palácio do Planalto para reivindicar o
reajuste salarial. O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das
Relações Exteriores (SindItamaraty) informou que 110 embaixadas e consulados
brasileiros espalhados pelo mundo estão com as atividades paradas devido à
greve. É a primeira vez na história que diplomatas, assistentes e oficiais de
chancelaria cruzam os braços por tempo indeterminado. Os protestos de ontem
foram engrossados pelo efetivo dos servidores que atuaram na Rio+20.
Os protestos contaram ainda com a participação dos
analistas-tributários da Receita. A categoria promoveu o segundo Dia Nacional
de Luta pela Reestruturação Salarial, com manifestações em todo o país. A
deliberação quanto à greve por tempo indeterminado da Receita será definida nas
próximas assembleias locais. Os diretores do Sindicato Nacional dos
Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita) se reunirão
com o governo no próximo dia 5.
Caso não seja apresentada uma proposta pelo Planejamento, a
greve é considerada praticamente certa. O primeiro movimento do SindiReceita
foi realizado no último dia 14 e contou com 90% de adesão. Na ocasião, os
servidores protestaram em frente aos
prédios do Ministério da Fazenda e das sedes da Receita Federal.