O Estado de S. Paulo
- 17/07/2012
Sindicato dos
professores diz que plano anunciado pelo governo não atende às reivindicações
da categoria
Os estudantes das universidades e institutos federais em
greve não devem ter esperança de que a proposta salarial anunciada pelo governo
na sexta-feira passada fará com que a paralisação dos docentes termine e as
aulas sejam retomadas normalmente no próximo semestre.
"Neste momento, é impossível delimitar um prazo para o
fim do movimento porque a proposta não nos atende" afirma Luiz Henrique
Schuch, vice-presidente do Andes, o sindicato dos professores de universidades
federais.
A proposta apresentada pelo governo prevê, entre outros
assuntos, a redução dos níveis de carreira de 17 para 13 - como forma de
incentivar o avanço rápido e a busca por títulos - e reajustes de 16% a 45%
(mais informações nesta página).
"É tudo maquiagem que não nos enganou", afirma
Schuch. Tanto que, em um documento publicado na noite de anteontem, o Andes
propõe radicalizar as ações da greve - que completa dois meses nesta semana e
atinge 56 das 59 universidades federais. Além das universidades, a paralisação
afeta 34 dos 38 institutos federais, 2 Centros de Educação Tecnológica (Cefets)
e o Colégio Federal Pedro II, no Rio de Janeiro.
Segundo Schuch, o principal problema é o não atendimento à
reivindicação central da categoria: a reestruturação da carreira docente.
"Além de não unificar a carreira, o acréscimo financeiro como resultado da
titulação ficou fora do corpo do salário, virou gratificação. Não aceitamos
isso."
Durante esta semana haverá assembleias gerais pelo País de
forma a discutir o que será apresentado na próxima reunião com o Ministério do
Planejamento, agendada para o dia 23. Mas não há otimismo. "Recebemos a
proposta, estamos analisando, mas todos sabem que ela não avança. Em muitos
pontos, até regride. Acredito que, se não houver avanço, a greve continua."
Ponto final. Segundo o Ministério da Educação, a proposta
atende a demandas históricas e não há nenhuma possibilidade de mudança nos
valores apresentados. "É uma proposta final quanto ao volume de recursos
alocados", diz Amaro Lins, secretário de Educação Superior do MEC.
Segundo ele, o governo está aberto para a discussão de
questões pontuais, como a exigência de o docente cumprir no mínimo 12
horas/aula semanais, mas não questões salariais.
"É momento de ter bom senso e pensar no atendimento à
comunidade" diz. Schuch rebate: "Então por que demoraram tanto para
começar a negociação?".