terça-feira, 24 de julho de 2012

De braços cruzados



Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense      -      24/07/2012




A relação da presidente Dilma Rousseff com os servidores públicos federais é como um cristal trincado. Pode até não se estilhaçar, mas não tem conserto. É mais uma daquelas situações em que a sucessora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário do seu padrinho político, é obrigada a fazer escolhas: com o cobertor curto, ou amplia o gasto público com as atividades fins ou investe esse dinheiro na área meio.

A fase de investimento na área meio, que tinha como discurso reconstruir o Estado, chegou ao fim. Para resgatar o papel do Estado como indutor do crescimento, o governo agora precisa investir em infraestrutura, além de exercer o papel de provedor das parcelas mais pobres da população. Vem daí a queda de braços da presidente da República com os servidores federais.

A outra face dessa contradição é uma guinada na orientação da CUT, que vinha sendo uma espécie de amortecedor entre as demandas dos servidores públicos e governo. Pressionados pela própria base e por outros atores políticos do movimento social, como o PSol e o PSTU, os sindicalistas do PT resolveram aderir às greves que tomaram conta da administração federal a partir das universidades.

A escolha
Dilma Rousseff fez a escolha de Sofia: entre o aumento salarial dos servidores federais e a garantia de emprego para os trabalhadores do setor privado, optou pela maioria, ainda mais porque os rendimentos no setor público são mais altos.

O confronto
Trata-se de velho conflito distributivo num cenário de restrições econômicas. O problema é que os servidores federais, ao longo de décadas, viveram situações semelhantes sem o castigo dos descontos dos dias parados. Demissões, como acontecem no setor privado, jamais foram cogitadas pelo governo. Mesmo assim, o jogo duro de Dilma pode resultar no cristal estilhaçado.

em greve
Os professores federais em greve recusaram ontem a proposta de acordo do Ministério do Planejamento e decidiram manter a greve da categoria. O governo propôs um reajuste salarial de até 45%.

Eleitos
O Planalto pretende aumentar os salários dos professores universitários e dos militares de baixa patente, que estão insatisfeitos. A Receita e a Polícia Federal, órgãos de coerção do Estado, também terão aumentos diferenciados. O governo baterá o martelo até o dia 31.


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