Juliana Braga
Correio Braziliense - 06/07/2012
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti,
voltou a criticar a emenda, apresentada pelo deputado João Dado(PDT-SP), à Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que destina uma parte da receita corrente
líquida para ajustes automáticos de salários nos Três Poderes. Durante gravação
do programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação, a ministra
disse que é preciso "tratar com cuidado" qualquer reajuste, tendo em
vista o cenário internacional de crise. Ideli destacou ainda que a situação que
mais preocupa é a do Judiciário. A categoria pede aumento de 56%.
"A crise na Europa e nos Estados Unidos está muito,
muito pesada. Então, nós temos que tratar com cuidado qualquer tipo de
reajuste, porque, quando você o concede, significa que aquele gasto vai ser
permanente. É para o resto da vida, entende?", justificou. O relator da
LDO, deputado Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), acatou os pedidos do governo e
rejeitou a emenda de João Dado.
Ideli também criticou a resistência dos servidores em publicar
seus salários no Portal da Transparência e insinuou que seja uma forma de
esconder as distorções e seguir pleitando reajustes. "Nesse debate de
justiça nos reajustes salariais, de vez em quando aparece essa história de que
não pode publicar, não sei bem por quê. Talvez para não ficarem claras as
diferenças, e inclusive as distorções, que há na questão salarial dos
servidores", afirmou.
Gastos quase
inalterados
A presidente do Sindireceita, Sílvia Helena Felismino,
entregou ao secretário do Ministério do Planejamento Sérgio Mendonça uma cópia
do estudo O mito do descontrole de gastos com pessoal, que mostra que enquanto
a receita corrente liquida aumentou de R$ 78,974 bilhões, em 2003, para R$ 197,
481 bilhões, em 2011, os gastos com servidores passaram de 35,11% de
participação na receita, em 2003, para
R$ 35,35%, em 2011, ficando praticamente inalterado.