Tânia Monteiro
O Estado de S. Paulo - 18/07/2012
Entidade de
funcionários públicos federais afirma que cerca de 30 órgãos estão total ou
parcialmente parados; categoria quer aumento médio de 30%
Após dois anos de mão fechada, o governo enfrenta crescentes
paralisações e operações-padrão na administração federal. "Já é uma greve
geral", diz Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que patrocina o acampamento
de servidores na Esplanada dos Ministérios.
Levantamento da Condsef aponta que cerca de 30 órgãos estão
paralisados total ou parcialmente. A mais nova adesão foi a das agências
reguladoras, cujos funcionários pedem aumento médio de 30% e mudanças nas
estruturas das carreiras. Após indicar ontem com uma greve no Rio, o Sindicato
Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação deve fazer
assembleia em São Paulo. O impacto mais visível deve ocorrer nos aeroportos de
Guarulhos e Viracopos e no Porto de Santos, pois mercadorias importadas
dependem da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser
liberadas.
A mesma forma de pressão tem sido exercida pela Receita
Federal. O órgão não está em greve, mas em operação-padrão, desde junho,
demorando a liberação de cargas. "Na Zona Franca, deram férias coletivas
para 8 mil empregados por falta de insumos para trabalhar", diz Pedro De
La Rue, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita
Federal do Brasil, que cobra correção salarial de 30,18%.
A ordem da presidente Dilma Rousseff, porém, é não ceder. O
Ministério do Planejamento espera concluir levantamento sobre os funcionários
em greve para descontar dias parados. Mas reitores das universidades federais
negam-se a informar quem são os grevistas. A Petrobrás, na tentativa de evitar
que os funcionários entrem em greve a partir de amanhã, apresentou à Federação
Única dos Petroleiros e à Federação Nacional dos Petroleiros proposta de
acréscimo de R$ 2.056 ao piso da cota de Participação de Lucros e Resultados de
2011. Até ontem, o piso de R$ 16,5 mil vinha sendo rejeitado pelos empregados,
que sinalizam greve.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner
Freitas, deve encontrar-se esta semana com o ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Gilberto Carvalho, para obter uma proposta. O governo diz que já
há uma negociação em curso.
Colaboraram Sérgio Torres e Sabrina Valle