Agência Brasil
- 04/07/2012
Brasília – Delegados, peritos e servidores administrativos
da Polícia Federal (PF) de todo o Brasil doaram sangue hoje (4) como forma de
reivindicar melhores condições de trabalho. A ação faz parte da campanha A
Polícia Federal Dá o Sangue pelo Brasil, mas Governo Não Reconhece. Em
Brasília, cerca de 80 funcionários do órgão doaram sangue na Fundação
Hemocentro.
Os policiais reivindicam a restruturação da carreira
administrativa, recomposição salarial, cumprimento do plano estratégico de
modernização do órgão, o fim de contratações terceirizadas e desvio de funções.
O protesto foi articulado pelo Movimento Unido em Defesa da
Polícia Federal (Mude PF), que reúne a Associação Nacional dos Delegados de
Polícia Federal (ADPF), Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais
(APCF), o Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da
Polícia Federal (SinpecPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia
Federal (Fenadepol).
Para Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da ADPF, a
ação visa mostrar os problemas enfrentados pelo órgão à população.
"Estamos lutando contra o sucateamento desta instituição que presta
serviços tão importantes para a sociedade, já que combatemos o crime organizado
e a corrupção. A população reconhece o nosso trabalho, mas o governo não. Já
apresentamos todas essas propostas e o governo ainda não negociou nada",
disse.
Segundo Marcos Ribeiro, muitos policiais federais estão
deixando a carreira e migrando para outros órgãos com melhor remuneração.
"O policial federal hoje está perdendo para outras categorias. A média
[salarial] de um agente é R$ 7 mil por mês, de um delegado é R$ 13 mil,
enquanto policiais civis do Paraná, por exemplo, recebem R$ 21 mil desde o dia
1º de maio. É injusto. Os governos estaduais negociam e remuneram melhor os
policiais que o governo federal", contou.
O governo do Paraná reajustou a tabela salarial da Polícia
Civil, que varia de R$ 4 mil a R$ 21 mil, dependendo do posto na corporação e o
tempo de serviço.
O presidente da APCF, Hélio Buchmuller, disse que a PF pode
entrar em greve, caso o governo não apresente propostas. “Greve é ruim para
todos, mas é nosso último recurso. Se nada for negociado, esse recurso pode ser
utilizado”, salientou.
O Ministério do Planejamento informou à Agência Brasil que a
pauta de reivindicações dos sindicatos ligados aos policiais federais está em
análise. A expectativa, segundo o órgão, é dar uma resposta até o dia 31 de
julho aos mais de 50 sindicatos envolvidos na negociação.