Rosana Hessel e Juliana Braga
Correio Braziliense - 19/07/2012
Ciente da defasagem salarial, Planalto diz que, caso consiga
brecha, pode atender demandas das Forças Armadas e dos servidores do Incra
Apesar do discurso duro, a presidente Dilma Rousseff admite,
se encontrar espaço no Orçamento de 2013, dar algum reajuste aos servidores que
estão com os salários mais defasados, caso dos militares — cujas reivindicações
somam R$ 21 bilhões (Veja quadro) — e dos funcionários do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra). Entretanto, nada estará definido até 31
de agosto, último dia para encaminhar a proposta orçamentária ao Congresso.
De modo geral, todas as categorias têm sido beneficiadas
pelo governo petista com a reposição da inflação desde 2003. Segundo o
Planalto, os militares, os DAS (cargos de confiança) e uma carreira específica
do Incra foram esquecidos. Mas reconhecer o problema não significa que eles
terão preferência. Os primeiros na fila são os professores universitários, para
os quais foi apresentada uma proposta na semana passada.
O governo também vê com atenção outras três categorias
consideradas estratégicas: a Receita, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e a Polícia Federal. Em relação à Anvisa, os temores são de
que uma greve dificulte a importação e a exportação de produtos. Os fiscais da
Receita iniciaram o "procedimento padrão", gerando filas de caminhões
nas fronteiras. Uma paralisação da PF deixaria desprotegidas as entradas para o
país.
A prioridade da presidente no momento é evitar o aumento do
desemprego e estimular os investimentos no setor privado para tentar reaquecer
a economia do país. Com isso, o espaço para
reajustes está cada vez menor.
De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, os
militares tiveram, entre 2002 e 2010, a menor reposição salarial entre as
categorias federais. Foram 85,29% no período contra 153,04% dos funcionários da
Receita, por exemplo. No Incra, os salários estão defasados há 10 anos, diz a
categoria.
O Ministério do Planejamento diz que, desde março deste ano, já realizou mais de 140 reuniões com sindicatos para ouvir as demandas dos servidores públicos federais.
O Ministério do Planejamento diz que, desde março deste ano, já realizou mais de 140 reuniões com sindicatos para ouvir as demandas dos servidores públicos federais.