Agência Brasil
- 23/07/2012
Brasília – Técnicos de Finanças e Controle da
Controladoria-Geral da União (CGU) lotaram, na manhã de hoje (23), o auditório
da Caixa Econômica Federal em Brasília onde se realizava o sorteio dos próximos
60 municípios que terão as contas
fiscalizadas pelo órgão. Os servidores
vestiam camisetas pretas, em sinal de luto, para protestar contra a
falta de reajustes salariais.
De acordo com os manifestantes, a última negociação salarial
ocorreu em 2008, enquanto a inflação acumulada desde então ultrapassa mais de
22%. Eles contavam com a presença no evento do ministro Jorge Hage, titular da CGU,
que não compareceu por estar em férias. As reivindicações incluem aumento
salarial e ampliação do quadro de pessoal.
Os servidores que participaram do protesto integram a União
Nacional dos Auditores e Técnicos de Finanças e Controle da CGU (Unacom
Sindical), que reúne também seus colegas da Secretaria do Tesouro
Nacional.
Segundo o presidente da entidade, Ruidinei Marques, a CGU
tem menos de 2.000 auditores, enquanto o país tem quase 6 mil municípios.
"Sem falar da grande quantidade de órgãos públicos da administração direta
e indireta [que também são fiscalizados pela CGU]", acrescenta. Segundo
Ruidinei Marques, "é necessário investir mais no controle para que os
desvios de recursos não ocorram".
Além de recomposição dos vencimentos, os servidores querem a
retomada de concursos públicos e a reestruturação dos cargos e das tabelas
salariais. “Isso é fundamental para manter a atratividade [por novos
servidores], ampliar o nível de excelência e fortalecer o controle interno da
União”, destaca.
O presidente da Unacom lembra que a categoria fiscaliza e
acompanha obras importantes, como as do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), que "são investimentos importantes para o sucesso dos megaeventos
esportivos que vão ser realizados no Brasil nos próximos anos". O controle
inclui também gastos sociais, como o Programa Bolsa Família, e os investimentos
de proteção aos idosos, além dos recursos aplicados nas áreas da saúde e
educação.
Marques comentou o estudo The Price of Offshore Revisited,
divulgado nesse domingo, encomendado pela Tax Justice Network, no qual o Brasil aparece em quarto lugar
entre os 20 países que mais mandam dinheiro para os paraísos fiscais, lista
integrada também pela Argentina e Venezuela. Estão depositados atualmente mais
de R$ 1 trilhão nas chamadas contas offshore, que não pagam impostos, valor
equivalente a cerca de 60% da dívida interna do país.
O dirigente sindical alerta que "é muito mais barato e
eficaz prevenir esse escoamento de dinheiro por meio da fiscalização e controle
do que tentar repatriá-lo".
Marques reconhece que a CGU “conseguiu fazer algo inédito na
história do controle tanto em nível interno quanto internacional". Entre
os aperfeiçoamentos, o servidor cita a criação do Portal da Transparência, o
Observatório da Despesa Pública e os programas para fortalecimento do controle
e gestão.
No entanto, segundo o sindicalista, essas iniciativas
"ainda são insuficientes para dar conta do volume de desvios de recursos
públicos”, e cobrou outras ações. “Precisamos fomentar capacitação e contratar
servidores. O Poder Executivo tem condições de aumentar os investimentos no
controle interno sem deixar a desejar”, afirmou o presidente da Unacom
Sindical.