segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Aumento só para quem fizer acordo


Rosana Hessel
Correio Braziliense     -      27/08/2012





As negociações entre o governo federal e os servidores do Executivo civil estão encerradas. Ontem, foi o último dia de conversas, que não serão reabertas. Aqueles que aceitaram a proposta de 15,8% de aumento em três anos serão incluídos na proposta do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2013 que a presidente Dilma Rousseff enviará ao Congresso Nacional na próxima sexta-feira. Essas categorias terão seus reajustes a partir do próximo ano. O Ministério do Planejamento já avisou que esta é a última proposta. É isso, ou nada.


"Eles (os sindicalistas) estão partindo dessa proposta, tentando negociar algo mais. Mas o governo considera zero o ponto de partida. Agora é 15,8%", comentou um técnico do governo. Até ontem, três categorias haviam fechado com o Planejamento: os professores e técnicos-administrativos das universidades federais e os funcionários do Legislativo, que aceitaram os 15,8%, mas ainda não assinaram o acordo, segundo o mesmo técnico.


Os docentes foram a única categoria que recebeu uma proposta maior de reajuste, variando de 25% a 45%. Na última semana, foi a vez de os técnicos das universidades acatarem os 15,8%. Juntos, eles representam 40% funcionários ativos da Educação. O reajuste de ambos representa um impacto de R$ 7,1 bilhões a mais no Orçamento de 2013.


Os funcionários das agências reguladoras e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sinalizaram que aceitarão a proposta derradeira do governo, nas últimas conversas dos sindicalistas com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, embora não tenham admitido isso publicamente.


Nesta semana, serão feitas as negociações do governo federal com os militares. O reajuste está definido e será maior do que os 15,8% concedidos aos civis.

Resistência
A resistência maior para um acordo com o governo está na elite no funcionalismo, classificada como "sangues azuis". São os profissionais de órgãos como Polícia Federal, Banco Central, Receita Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com ganhos superiores a R$ 10 mil. Eles possuem rendimentos acima da média dos brasileiros e também de profissionais de cargos semelhantes dos Estados Unidos, a maior economia do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) cerca de cinco vezes maior do que o brasileiro.


O funcionalismo norte-americano não recebe 13° salário e muito menos possui estabilidade no emprego. Um oficial da Receita dos EUA, por exemplo, tem ganho médio em torno de US$ 73,2 mil anuais, ou R$ 12,3 mil por mês, abaixo dos R$ 13,3 mil iniciais dos auditores fiscais brasileiros.


Além de essas categorias terem conseguido ajustes acima da inflação nos últimos 17 anos, elas têm apresentado reivindicações que extrapolam qualquer índice dentro da realidade econômica atual. A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 5,37%, no acumulado de 12 meses. Os reajustes pedidos são de 35,5% a 151%. Muitos pretendem ganhar até mais que os R$ 26,7 mil da presidente Dilma Rousseff, caso dos oficiais da Abin, que pedem um salário no fim da carreira de R$ 29 mil.

Sobre a mesa
Publicação: 27/08/2012 04:00 A proposta do governo de 15,8% em três anos é a derradeira. Quem aceitar terá reajuste. Quem não quiser não terá nada em 2013 e, possivelmente, até 2015

Os que aceitaram
Educação: parte de professores e técnicos das universidades federais, equivalente a 40% dos ativos. Os professores foram os únicos a terem uma oferta diferenciada, de reajuste de 25% a 45%, dependendo da categoria. Os técnicos aceitaram os 15,8%
Funcionários do Legislativo, mas falta assinarem o acordo

Os que estão em vias de aceitar
Funcionários das agências reguladoras e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), agentes penitenciários, fiscais agropecuários e peritos médicos

Os que não aceitaram
Os trabalhadores da chamada elite do funcionalismo — ou "sangues azuis" como vêm sendo chamados — possuem rendimentos superiores a R$ 10 mil, são os mais resistentes à proposta. Algumas dessas categorias querem ganhar mais do que os R$ 26,7 mil do contracheque da presidente Dilma Rousseff.


São eles:
» Delegados, peritos, escrivãos, agentes e papilocopostas da Polícia Federal


» Gestores de nível superior; agente da Polícia Rodoviária Federal, auditor-fiscal da Receita Federal e do Trabalho


» Analista do Banco Central, analista e inspetor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


» Analista técnico da Susep, oficial de inteligência da Abin


Fonte: Ministério do Planejamento



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