Correio Braziliense - 17/08/2012
Professores das universidades e instituições federais, em
greve há 90 dias, realizaram ontem mais uma manifestação na tentativa de
pressionar o governo a reabrir as negociações. Desta vez, o ato contou com o
que eles chamaram de "sepultamento da educação".
Após uma manifestação em frente ao Ministério da Educação,
cerca de 400 pessoas caminharam atrás de um caixão, carregando cruzes com as
siglas das universidades até o Congresso Nacional. De lá, os grevistas foram
até o Palácio Planalto, onde a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, foi recebida
por assessores da Presidência da República. A líder da categoria dos docentes
entregou uma carta pedindo a reabertura das negociações.
"Criticamos a falta de prioridade do governo com a
educação. Continuamos pedindo a reestruturação da carreira, já que a proposta
que foi apresentada no mês passado é uma barreira para a progressão do
professor", disse Marinalva, usando roupas pretas em sinal de luto.
Um boneco caricato que segurava uma foice da morte nas mãos
representava a presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes repetiam as palavras
de ordem "por falta de negociação, morreu a educacação" . Também
faziam paródias de músicas religiosas em tom fúnebre. A música Treze de maio,
um tributo à Nossa Senhora, foi entoada com os dizeres "Ó Dilma, ó Dilma!
A culpa é sua, de todos em greve estarem na rua".
Servidores e estudantes participaram do ato. Para Lucas
Brito, aluno de serviço social da UnB, a paralisação dos servidores federais é
um marco na luta sindical. "Lutamos coletivamente. Juntos, professores,
funcionários e alunos estão dando resposta ao processo de precarização da
educação pública no Brasil", desabafou o estudante que é integrante da
Executiva Distrital da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel).
Servidores das agências
Grevistas das Agências Reguladoras realizaram ontem a 3ª
Marcha da Regulação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em defesa da
campanha salarial de 2012. Os trabalhadores seguiram até o Ministério do
Planejamento, local em que participaram de uma vigília até o fim da reunião
marcada com o secretário de Relações de Trabalho, Sérgio Mendonça. Os
representantes do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de
Regulação (Sinagências) informaram que, caso o governo não apresente uma
proposta à categoria, haverá operação-padrão até dezembro. Protestaram também
cotra o corte de ponto decidido pelo governo para quem está em greve.
Assembleias
De acordo com
presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes), Marinalva Oliveira, orientação é que todos os sindicatos
realizem assembleias para aprovar uma contraproposta ao governo. Na
Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, os professores propõem um
reajuste de 4%, inferior aos 5% oferecidos pelo governo, desde que haja
progressões constantes na carreira. Na
UnB, uma assembleia seria realizada na manhã de ontem, mas foi cancelada .