segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Corte de ponto atinge mais servidores no Rio



O Estado de S. Paulo - 27/08/2012




Os servidores públicos federais lotados no Rio de Janeiro vão ser os mais punidos com o corte de ponto determinado pela presidente Dilma Rousseff nos salários de 11.495 grevistas. Motivo: 40% dos funcionários punidos estão lotados em repartições públicas da União do Estado. Esse alto índice de "prejudicados" no Rio é fruto de uma realidade que se perpetua 50 anos depois de a capital federal ter sido transferida para Brasília.

O Rio detém até os dias de hoje o maior contingente de servidores: cerca de 20% de todo o funcionalismo público federal da ativa contra 12% dos servidores lotados em Brasília. Dados do Boletim Estatístico de Pessoal, referentes a maio de 2012 e publicados pelo Ministério do Planejamento, mostram um contingente ainda maior de servidores lotados no Rio, se forem levados em conta os aposentados e pensionistas.

Do total de 265.219 pessoas que vivem às custas dos cofres públicos federais no Rio de Janeiro, 92.459 são aposentados, 70.507, pensionistas e 102.253 servidores estão na ativa.

De acordo com o Ministério do Planejamento, a maioria dos funcionários públicos em greve está lotada em órgãos da administração indireta, como as agências reguladoras, fundações e autarquias. É o caso, por exemplo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sediado no Rio, que teve adesão de 52,4% (3.379) dos funcionários.

O mesmo ocorre na Comissão Nacional de Energia Nuclear e Agência Nacional do Cinema, ambas com sede no Rio, com 40,5% e 39,4% dos funcionários paralisados, respectivamente. 

Um dos motivos para o estado abrigar até hoje tantos servidores da ativa é a manutenção, ali, de estruturas federais grandes nas áreas de Saúde e de Educação. Afinal, o Estado conta com seis hospitais federais, quatro universidades também federais e colégios como o Pedro II e o Aplicação. 

Mais da metade dos 102.253 servidores públicos federais da ativa lotados no Rio trabalha nos setores de saúde e de educação. Dados do Ministério do Planejamento apontam 33.950 funcionários na área de saúde e 32.517, em Educação.

Em 2011, o governo federal gastou R$ 20,3 bilhões com o pagamento de 265.219 servidores da ativa e inativos que vivem no Rio. Já com a folha de pessoal dos 167.542 servidores ativos e inativos lotados em Brasília foram desembolsados R$ 10,1 bilhões no ano passado.

A alta concentração de funcionários públicos no Rio acaba influenciando nas campanhas eleitorais e até nos programas partidários. "É evidente que os servidores públicos têm um peso grande nas campanhas. O candidato que não considera isso, perde a eleição", observa o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que conta com um eleitorado forte no funcionalismo público.


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