quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dia de transtornos no INSS e na Receita



Ana Carolina Dinardo
Correio Braziliense      -      15/08/2012




Cidadãos que precisaram resolver pendências na Previdência Social, nas DRTs e nos postos do Fisco voltaram para casa frustrados pela falta de atendimento

A população já sente no dia a dia os efeitos da greve dos servidores públicos federais. Nos últimos dias, os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os da Receita Federal e os auditores fiscais do trabalho das Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) interromperam as atividades, punindo os que precisaram recorrer a serviços públicos essenciais. O protesto teve por objetivo chamar a atenção do governo quanto às reivindicações salariais dos trabalhadores.

Quem precisou dos serviços do Fisco se indignou ao ser barrado na porta das agências de atendimento de Brasília. Já nos postos da Previdência Social, somente as pessoas com hora marcada conseguiram ser atendidas. A espera na fila, porém, levou mais de duas horas e revoltou os contribuintes. Os funcionários do INSS prometeram retomar os serviços hoje.

Maria Cecília Rodrigues, 59 anos, saiu do posto da Previdência 502 Sul revoltada, porque não conseguiu corrigir a data de seu nascimento nos documentos que lhe dão direito à aposentadoria. Os funcionários negaram atendimento, alegando que ela não havia marcado um horário. Foi uma viagem perdida. Cecília saiu de casa às 8h da manhã e percorreu 22 quilômetros de carro para nada. "É um absurdo. Por causa da greve e da má vontade, ficarei mais um dia sem pagamento", lamentou.

Transtorno semelhante enfrentou o aposentado Reinaldo Oliveira, 63 anos. Como também não tinha horário marcado, ao chegar na mesma agência, foi barrado. Ele queria saber o motivo de alguns descontos em seu benefício. Mas voltou para casa sem as respostas que desejava. "Os servidores têm o direito de fazer greve. Porém, poderiam ter a consciência dos problemas que causam às pessoas quando um serviço importante é interrompido", disse.

O caos ocasionados pelas paralisações também foi presenciado na DRT da 509 Norte. Todo esforço do vidraceiro Paulo Sérgio de Araújo, 31 anos, para garantir o início do processo do seguro-desemprego não resultou em nada. Ele contou que foi impedido de entregar as documentações ao órgão vinculado ao Ministério do Trabalho devido à ausência de auditores fiscais no local. "Foi um absurdo. Passei mais de duas horas em ônibus vindo de Águas Lindas (cidade goiana) para chegar ao posto e um funcionário me dizer para voltar amanhã (hoje) e tentar pegar uma senha", contou.

O auxiliar administrativo Hugo José de Sousa, 28 anos, tentou, ao máximo, parcelar uma dívida de sua empresa de mais de
R$ 2 mil na Receita Federal, mas com as atividades do Fisco interrompidas, o serviço ficou impossível. Ainda assim, ele esperou por quase duas horas no Centro de Atendimento ao Contribuinte, do Setor de Autarquias Sul. "O fiscal que me atendeu pediu que eu retornasse no outro dia. Tenho certeza de que será mais tempo perdido", afirmou. Ele relatou ainda que tentou agendar um horário por diversas vezes por meio do endereço eletrônico da Receita e não conseguiu. "Por isso, decidi vir aqui. Mas escolhi o dia errado."

Se a situação está ruim para a população, que paga impostos altíssimo esperando por serviços de qualidade, o quadro pode piorar, caso os servidores do INSS e os da Receita decidam entrar em greve por tempo indeterminado, diante da recusa do governo em atender seus pleitos. Além de um plano de carreira, os trabalhadores exigem a reposição das perdas inflacionárias de 2012 e a incorporação de gratificações nos salários.


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