Paula Filizola
Correio Braziliense
- 01/08/2012
Os sindicatos, que representam professores em 57 das 59
universidades federais em greve desde 17 de maio, reúnem-se hoje, às 21h, com o
secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio
Mendonça. Representantes dos 34 institutos federais paralisados desde junho
também participam da mesa de negociações. A categoria é a única que está com
processo de negociação aberto com o governo federal, já que a presidente Dilma
Rousseff suspendeu acordos com todos os outros grupos de servidores públicos.
Da parte do governo federal, ainda há uma falta de definição
sobre como lidar com as reivindicações dos grevistas. No entanto, uma
recomendação é certa: não há margem fiscal para ceder novamente. Segundo o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a proposta do Palácio do Planalto
prevendo correção salarial entre 25% e 45% é definitiva.
Para a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marinalva Oliveira, o governo
continua negociando em uma linha diferente da dos grevistas. "Nós falamos
de reestruturação de carreira e eles só falam de tabelas", afirmou.
Segundo ela, os resultados colhidos nas assembleias universitárias estão em
fase final de sistematização para serem apresentados hoje à noite ao
Planejamento. Até o fechamento desta edição, mais de 50 universidades já tinham
rejeitado a nova proposta do governo. "Vamos para mesa mostrar esses dados
e reiterar que precisamos iniciar uma negociação efetiva", esclarece a
presidente do sindicato.
Dedicação exclusiva
A nova proposta apresentada na semana passada aos
professores oferece à categoria reajuste mínimo de 25% e o máximo é de 45%. Os
valores modificados representam um impacto de R$ 4,2 bilhões no orçamento da
União. Entre as principais divergências, porém, está o fato de o Executivo
continuar mantendo a carreira dos docentes com quatro cargos distintos,
priorizando a titulação e a dedicação exclusiva. Os sindicatos defendem a carreira
unificada e afirmam que o governo federal ainda mantém uma estrutura
hierarquizada.