Lisandra Paraguassu
O Estado de S. Paulo -
23/08/2012
Irritada com o que considera abusos, especialmente na Polícia
Federal e na Polícia Rodoviária Federal, a presidente Dilma Rousseff exigiu
ontem a punição "exemplar" dos grevistas que tenham ultrapassado
limites da legalidade. Ainda ontem, cerca de 7 mil trabalhadores rurais,
membros de 30 entidades ligadas ao campo, tentaram invadir o Planalto. A
polícia usou cassetetes e gás lacrimogêneo.
Irritada com o que considera ilegalidades, presidente
insiste no corte de ponto e quer que Justiça identifique quem praticou abusos
A presidente Dilma Rousseff exigiu punição exemplar dos
grevistas que tenham ultrapassado os limites da legalidade. Irritada com o que
considera abusos, especialmente na Polícia Federal e mais ainda na Polícia
Rodoviária Federal, Dilma cobrou do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso,
a identificação dos policiais que cometeram abuso de poder ou outras
irregularidades.
Entre os casos que ela achou abusivos estão uma placa
colocada em um posto da PRF na Via Dutra com os dizeres "passagem livre
para traficantes de armas e drogas" e o protesto na Ponte da Amizade, em
Foz do Iguaçu.
O Ministério do Planejamento continuou na quarta-feira, 22,
as negociações com vários setores, mas não deu sinais de que irá um centavo
além dos 15,8% oferecidos na semana passada, divididos em três parcelas. A
aceitação do reajuste, explica um assessor próximo da presidente, não significa
que o governo deixará de negociar outros itens, como ajustes nos planos de
carreira.
Dilma, no entanto, não quer continuar a conversa com os servidores
em greve. A pressão veio por meio da decisão de cortar o ponto e descontar os
dias parados de 11,5 mil servidores em greve. Em alguns casos, funcionários
tiveram o pagamento zerado este mês, o que causou revolta nos sindicatos.
A reação da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef) foi recorrer ao STF com um "pedido de liminar
com urgência, para tentar conter esse abuso de poder", explicou o diretor
Sérgio Ronaldo da Silva. A seu favor ele cita nota técnica do Planejamento
dizendo que o desconto devia ser de apenas sete dias "para não prejudicar
a questão da alimentação e do pagamento das contas".
Os sindicatos dos policiais federais também irão à Justiça
contra o corte de ponto - o do Rio Grande do Sul conseguiu ontem uma liminar.
"Temos uma defasagem salarial, mas o governo só oferece reposição.
Queremos a remodelação da carreira", explicou Paulo Poloni,
vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).
Na quarta-feira, os oficiais e os assistentes de chancelaria
do Itamaraty aderiram à greve. Eles haviam parado por uma semana para conseguir
abrir a negociação com o governo e voltaram ao trabalho. Sem receber nenhuma
proposta, decidiram ontem retomar a paralisação.
(COLABOROU DÉBORA ÁLVARES)