Correio Braziliense - 26/08/2012
Ao oferecer reajuste de 15,8% em três anos a todos os servidores do Executivo civil, o governo Dilma vai conservar as disparidades entre as carreiras, mantendo assim a fervura do caldeirão das disputas entre elas.
Em greve, os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF), de nível superior, estão com salário inicial de R$ 7,5 mil, pouco acima do que é pago a técnicos de nível médio das agências reguladoras e bem abaixo do recebido por analistas desses órgãos (R$ 10,5 mil), embora tenham atribuições até mais complexas.
Os técnicos de nível superior do Executivo estão em situação ainda pior. Eles têm remuneração inicial de R$ 4 mil e final de R$ 7 mil, mesmo com o aumento concedido este ano pelo governo. Ao conceder reajuste de 5% ao ano — total de 15,8% entre 2013 e 2015 — para todos os servidores, incluindo os que já estão no topo salarial , o governo alimenta essa disputa sem fim.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Wink, afirmou que a categoria, em greve, não está brigando por reposição de inflação, mas pelo reposicionamento da carreira nos padrões salariais daquelas de nível superior.
"No início do governo do Lula, tínhamos salário maior que a maioria das carreiras do Executivo", afirmou.
É também o que reivindicam os auditores-fiscais em greve. Eles consideram o valor do salário inicial, de R$ 13,6 mil, e o do final, de R$ 19,5 mil, incompatíveis com as atribuições e a responsabilidade do cargo.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco-Nacional), Pedro de la Rue, os fiscais federais ganham menos que os estaduais.