Natuza Nery e Johanna Nublat
Folha de S. Paulo
- 10/08/2012
Custo estimado caso o Executivo atendesse reivindicações de
servidores é de R$ 92 bilhões
Hipótese de reajuste unificado para os servidores esbarra no
impacto financeiro, mas não foi descartada
BRASÍLIA - A ministra Miriam Belchior (Planejamento),
negociadora do governo com o movimento grevista, promete para a próxima semana
uma resposta final sobre o reajuste aos servidores federais.
Ela não antecipou detalhes sobre quais carreiras ainda
poderiam ser contempladas nem sobre a extensão do benefício, se ele ocorrer.
A Folha apurou que apesar de integrantes do governo
considerarem que não há dinheiro para conceder um reajuste unificado a todos os
servidores, essa possibilidade não está descartada.
Se acatasse todas as reivindicações, a equipe econômica
teria de desembolsar R$ 92 bilhões, o equivalente à metade da folha atual de
pagamento e 2% do PIB (Produto Interno Bruto).
"É impossível. São duas vezes o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) deste ano", comparou a ministra em conversa com
a Folha.
Com categorias paradas há meses, o fato é que a presidente
Dilma Rousseff tem diante de si uma das mais amplas greves em número de
carreiras e áreas atingidas.
Nas contas dos grevistas, são quase 30 órgãos federais
envolvidos. Não se sabe, porém, o número exato de funcionários parados porque
os sindicatos e o governo dão dados discrepantes.
GREVE CONCENTRADA
Por causa de uma mudança legal -que exige que a definição de
reajustes para o ano seguinte seja fixada até o último dia de agosto-, as
reivindicações acabaram se concentrando nesses meses, ampliando a pressão e a
sensação de gravidade.
Antes da regra, afirma o governo, as greves eram diluídas ao
longo do ano.
Por ordem da própria presidente, o governo decidiu
endurecer. Para garantir o atendimento à população, tem recorrido à Justiça.
Anteontem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) conseguiu liminar determinando que 70% dos servidores trabalhem nas
áreas essenciais -para, por exemplo, garantir a liberação de remédios
importados.
Iniciada em 16 de julho, a paralisação atinge cerca de 70%
dos servidores nas unidades estaduais e 60% na sede da agência, em Brasília.