Folha de S. Paulo
- 02/08/2012
O Proifes, uma das três entidades que representam
professores das federais, aceita proposta para pôr fim à greve
Entidade é a mais alinhada ao PT; o Andes, maior sindicato
da categoria, critica decisão do governo
BRASÍLIA - A proposta
do governo de reajuste salarial para os professores das federais foi aceita
ontem por uma das três entidades de representação dos docentes, levando a um
racha no movimento grevista.
Após reunião ontem no Ministério do Planejamento, o Proifes
(Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino
Superior) foi o único a aceitar a oferta do governo.
Com isso, a pasta deu por encerrada a negociação com a
categoria, em greve há 78 dias.
O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior), sindicato de maior representatividade dos docentes, criticou
a decisão do governo.
"A entidade que aceitou a proposta não representa a
categoria docente. Vamos ver quem tem mais força política junto à
sociedade", disse Marinalva Oliveira, presidente do sindicato. "O
governo está fazendo um acordo unilateral."
O Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da
Educação Básica, Profissional e Tecnológica), que também participa da
negociação, também rejeitou o acordo.
Eduardo Rolim, presidente do Proifes, entidade mais alinhada
ao PT, rebateu as críticas. "O Proifes não é uma entidade que começou
agora. [O reajuste oferecido] é muito menos do que propusemos, mas entendemos
que o momento era de avançar."
A entidade representa sete universidades, das quais seis
estão em greve. Uma delas, a UFSCar (Federal de São Carlos), já indicou que
deve encerrar a paralisação.
PROJETO DE LEI
Até o final deste mês, o Ministério do Planejamento deve
encaminhar ao Congresso um projeto de lei nos termos do acordo firmado:
reajuste entre 25% e 40%, diluído até 2015, e redução dos níveis para se chegar
ao topo da carreira -dos atuais 17 para 13.
O secretário de Educação Superior, Amaro Lins, se mostrou
otimista com o resultado da reunião. Ele diz acreditar que ainda na próxima
semana algumas instituições vão declarar a greve encerrada.
"Os professores percebem que é melhor retomar as
atividades e evitar prejuízos futuros no calendário acadêmico", disse.
Segundo o Andes, 57 das 59 universidades federais estão em greve.
(FLÁVIA FOREQUE)