Agência Brasil
- 21/08/2012
Brasília - Faltando dez dias para 31 de agosto, prazo final
para envio do Orçamento ao Congresso Nacional com a previsão dos gastos com a
folha de pagamento em 2013, a situação das greves no funcionalismo público
continua indefinida. Desde o início de março, quando começou a campanha
salarial desde ano, já foram realizadas mais de 180 reuniões entre governo e
servidores.
A informação é da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef) e foi confirmada pelo Ministério do Planejamento.
Apesar dos muitos encontros e do tempo apertado, ainda não há perspectiva de um
acordo e do fim das paralisações.
O diálogo entre o governo federal e as representações
sindicais dos servidores se intensificou nos últimos dias. Entre 14 e 17 de de
agosto, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento,
Sérgio Mendonça, participou de cerca de 20 reuniões com lideranças grevistas ou
com categorias que ameaçam cruzar os braços.
Para esta semana, estão agendados mais 23 encontros. As
negociações têm começado pouco após as 10h e se estendido até a noite e mesmo
durante os sábados. No dia 18 ocorreram três reuniões e para o dia 24 estão marcados
mais encontros.
Os servidores públicos alegam que a dificuldade em chegar a
um acordo está relacionada ao fato de o governo estar se empenhando nas
negociações somente agora, em data próxima do prazo para envio do orçamento.
"As propostas surgem já na reta final e vêm nessa forma
padronizada de aumento de 15,8% parcelado em três anos", queixa-se Sérgio
Ronaldo da Silva, diretor do Condsef, referindo-se à oferta de reajuste
apresentada a maior parte das categorias até o momento.
Segundo Silva, o Condsef está levando a proposição às suas
bases para consulta - a entidade representa 850 mil servidores de diversos
ministérios, fundações e autarquias, em um universo aproximado de 980 mil
trabalhadores, entre aposentados e na ativa.
No sábado, uma plenária geral será realizada em Brasília
para que cada setor do funcionalismo dê seu parecer sobre a proposta
governamental. Silva reclama do prazo curto para decidir. "Estão colocando
a faca no pescoço do servidor", diz.
O diretor acredita que a adesão maciça à mobilização, com
paralisação de mais de 30 categorias, foi o fator que pressionou o governo a
abrir a mesa de negociação. Silva questiona o número divulgado pelo governo,
segundo o qual o reajuste linear de 22,08% pleiteado pelas categorias
implicaria em aumento de R$ 92 bilhões nos gastos previstos para 2013. "O
número real é um terço disso, em torno de R$ 35 bilhões", acredita.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do
Ministério do Planejamento disse que o diálogo com os servidores está
"superintensificadas" e que até o final desta semana a situação deve
estar mais definida. De acordo com a assessoria, o momento é prematuro para
fazer qualquer avaliação sobre o andamento das negociações.