Correio Braziliense
- 08/08/2012
Agentes da Polícia Federal param por tempo indeterminado.
Delegados, peritos e funcionários do Banco Central, por 24 horas
Os servidores das carreiras típicas de estado do Executivo
Federal vão reforçar a pressão sobre o governo e engrossar a paralisação
nacional do funcionalismo público federal ao longo das próximas duas semanas.
Ao todo, 26 categorias devem se juntar a outras de cerca de 30 órgãos federais
já paralisadas e ao Judiciário. Grande parte desses servidores deve cruzar os
braços e interromper as atividades em setores estratégicos, prejudicando desde
serviços de retirada de passaportes e emissão de papel-moeda até a elaboração
da Lei de Orçamento.
Na tarde de hoje, os líderes sindicais prometem reunir cerca
de 4 mil servidores das carreiras típicas de Estado em uma caminhada entre o
Ministério do Planejamento e o Palácio do Planalto. Eles querem ser recebidos
pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para
discutir a reestruturação das carreiras, reposição de pessoal e recomposição
das perdas inflacionárias desde 2008, quando ocorreram os últimos acordos entre
o governo e a maior parte das categorias.
Os agentes da Polícia Federal e fiscais agropecuários já
aderiram à greve. Os servidores do Banco Central (BC), delegados e peritos
criminais da PF e especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental
paralisam as atividades só hoje. O presidente do Sindicato Nacional dos
Funcionários do BC (Sinal), Sérgio Belsito, alertou para o risco na
distribuição de papel moeda. "Em um dia de paralisação, já existe prejuízo",
avisa.
A paralisação dos policiais prejudica, além da emissão de
passaportes, as investigações em curso e liberação de documentação para
estrangeiros (leia ao lado).
No caso dos fiscais agropecuários, a greve ameaça a balança
comercial do país ao prejudicar as exportações. Produtos agropecuários não saem
dos portos e aeroportos sem o crivo dos profissionais.
A operação padrão realizada pelos auditores fiscais da Receita
Federal desde 18 de junho atinge as importações . Com efetivo reduzido, há
atraso nas liberações e as cargas se acumulam nos portos e aeroportos. De
acordo com o sindicato da categoria (Sindfisco), os fiscais estão liberando
cargas consideradas de emergência.
Além dos auditores, estão em operação padrão também os
defensores públicos da união. Com a diminuição do ritmo de trabalho, os cidadão
vão precisar de paciência na hora de receber o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), solicitar assistência jurídica gratuita para conseguir um
medicamento ou reivindicar a aposentadoria. A prioridade são casos criminais e de risco de morte.
Boa parte dos servidores das carreiras de estado, no
entanto, realizam paralisações gradativas enquanto aguardam uma posição do
governo nas negociações marcadas para a semana entre 13 e 17 de agosto. Os
auditores fiscais do Trabalho, por exemplo, interrompem as atividades duas
vezes por semana desde 18 de junho. As paralisações já trazem complicações para
quem precisa homologar e rescindir contratos e fechar acordos trabalhistas.
Analistas de Planejameno e Orçamento também ameaçam parar,
prejudicando a elaboração de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que precisa
ser aprovada até 31 de agosto.
Além dessas categorias, professores universitários resistem
à retomada das atividades depois da proposta de reajuste.
Suspensão de prazos
Representantes do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN
fizeram ontem uma manifestação em frente ao prédio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pedindo que a instituição
suspenda os prazos relacionados às atividades acadêmicas desenvolvidas em
conjunto com o órgão pelo tempo que durar o movimento de greve dos docentes. Os
representantes do movimento foram recebidos pela chefe de Gabinete da entidade,
Cássia Mendes, que se comprometeu em encaminhar a solicitação presidente da
Capes.