Agência Brasil
- 06/08/2012
Rio de Janeiro – As quatro universidades federais sediadas
no estado não iniciarão as aulas do segundo semestre enquanto perdurar a greve
docente, iniciada em 17 de maio. Em todas as instituições o calendário de
atividades está suspenso e será retomado após o término das paralisações. Em
nenhuma das instituições foi oficializada a perda de semestre, embora haja
professores e alunos que consideram a possibilidade.
Segundo a reportagem da Agência Brasil apurou, as atividades
de pesquisa e o atendimento nos hospitais universitários continuam, com
prejuízos pontuais, enquanto as atividades de graduação estejam interrompidas.
Serviços não essenciais que dependem de funcionários, como bibliotecas, estão,
em geral, sem atendimento.
Nenhuma das universidades teve paralisação completa na
pós-graduação, embora a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UniRio) tenha optado pela paralisação oficial mesmo dessas atividades.
Maior e mais antiga instituição no estado, a Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem paralisação forte na área de ciência
humanas, com mais de 90% dos professores aderindo à greve. Nas ciências
biológicas, a adesão é 60%. As demais áreas têm adesão de 20%, segundo
estimativas da Associação de Docentes da UFRJ.
“Não pode haver dois calendários ao mesmo tempo, então mesmo
os alunos que não aderiram à greve estão sendo forçados a entrar em greve,
porque não conseguimos nem nos inscrever nas matérias. Alguns cursos terminaram
o semestre anterior, outros não”, disse o estudante de estatística, Arthur
Khalil Inácio, que informou que as atividades de pesquisa do núcleo em que
participa não foram interrompidas.
O estudante de engenharia química Ricardo Wanderley também
terminou o semestre anterior, mas não iniciou as atividades neste semestre. “No
último semestre a biblioteca tinha funcionado em alguns horários enquanto havia
aulas, mas agora parou de vez”, disse.
Entre os docentes a situação é semelhante. “A categoria está
em greve. Eu não entrei (em greve), mas tive uma turma que entrou. Terminei
aquelas aulas das turmas que não entraram em greve e uma turma ficou pendente.
O segundo semestre não começou em relação à graduação. [Foi possível lançar as
notas no sistema] só da pós-graduação. Como o calendário [da pós-graduação] é
por programa vão iniciar as atividades logo. O programa que eu participo, por
exemplo, é semana que vem que começa”, disse a professora do Instituto de
Química, Magaly Albuquerque.
Segundo a assessoria de comunicação da UFRJ, as atividades
de apoio realizadas por funcionários técnico-administrativos em laboratórios e
bibliotecas estão paralisadas, ao passo que o atendimento no hospital universitário
segue, com algum comprometimento, havendo faltas de parte do corpo técnico.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), sindicato e
reitoria não estimaram a quantidade de funcionários parados, em qualquer das
categorias. Segundo a associação de docentes houve paralisação inclusive em
programas de pós-graduação.
Na UniRio também houve paralisação em parte da
pós-graduação, segundo a professora Clarissa Gurgel, do comando de greve.
Embora a informação tenha sido confirmada pela reitoria, nenhuma das entidades
têm estimativas da quantidade de programas de pós ou de cursos de graduação
parados, apesar de informarem que existem docentes grevistas em todos os cursos
da instituição.
Segundo Oscar Gomes da Silva, coordenador geral da entidade
da Associação de Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (Asunirio), mantém-se em atividade somente os setores mais
próximos à reitoria e o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. Serviços não
essenciais, como as bibliotecas, seguem parados.
Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a
paralisação atinge a graduação, cujo calendário oficial está suspenso desde 23
de maio, e será “integralmente recomposto” após o fim da greve docente.
Bibliotecas e hospital veterinário também estão fechados. Há atividade em
alguns programas de pós-graduação e em núcleos específicos de pesquisa.
No site da UFRRJ foi divulgado o Ofício Circular nº 08/2012
GAB/SESU/MEC, assinado por Amaro Henrique Pessoa Lins, secretário de Educação
Superior do Ministério da Educação, com data de 3 de agosto. No documento a
pasta oficializa o término das negociações com os docentes, e define que “a
expectativa do MEC é que as universidades e institutos federais retomem as
atividades e reponham adequadamente as aulas suspensas por conta da
paralisação, reduzindo os prejuízos dos estudantes e toda a comunidade
acadêmica”.