sábado, 18 de agosto de 2012

Para servidor, repor a inflação é pouco


Vera Batista e  Bárbara Nascimento
Correio Braziliense     -     18/08/2012





Governo detalha a proposta de reajuste de 15,8%, dividido em três anos, para o funcionalismo civil do Executivo, mas a categoria mostra decepção, pois esperava, no mínimo, correção de 22%. Palácio do Planalto acredita que fez o melhor

A proposta do governo de dar reajuste de 15,8%, divididos entre 2013 e 2015, não seduziu os servidores públicos civis do Executivo. Ontem, ao longo do dia, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, detalhou a oferta da presidente Dilma Rousseff a várias carreiras. 


Mas não convenceu. A maioria dos representantes do funcionalismo considerou insuficiente apenas a correção da inflação prevista para o próximo ano, já que pleiteavam, no mínimo, 22%. De qualquer forma, os sindicatos vão levar a proposta para votação em assembleias. Por enquanto, a greve que atormenta o governo e provoca perdas ao país continua.

Mendonça faz segredo do total da fatura que o governo está disposto a arcar para reajustar a folha com servidores civis. Mas, segundo o Palácio do Planalto, foram reservados pelo menos
R$ 18 bilhões, quantia que pode chegar aos R$ 22 bilhões. A oferta de aumento de 15,8% só foi possível depois de o governo fazer e refazer as contas do pacote de incentivos à economia, que começou a ser divulgado na última quarta-feira. 


Dilma foi confrontada com várias alternativas. Contudo, só bateu o martelo a favor do funcionalismo depois da garantia de que teria espaço no Orçamento de 2013 para beneficiar o setor privado. Antes do reajuste linear aos servidores, o governo separou R$ 4,2 bilhões para corrigir os salário dos professores e R$ 2,9 bilhões para os técnicos de universidades.

Apesar da resistência demonstrada pelos servidores, Mendonça acredita em um acordo até o fim da próxima semana. Para ele, diante das atuais circunstâncias, com o Brasil sendo castigado pelo crise mundial, receber reajuste médio de 5% ao ano é um ótimo negócio. 


"Estamos confiantes", disse o secretário, depois de conversar com 10 categorias de 25 órgãos. Os primeiros a terem acesso aos detalhes da proposta do governo foram os peritos, delegados e agentes da Polícia Federal, alvos de enormes queixas no Planalto, por causa do tumulto que provocaram nos aeroportos do país anteontem, a chamada "quinta-feira negra".

Ganho real
Também passaram pelo Planejamento, sem esconder a frustração, técnicos administrativos de universidades e institutos federais, médicos peritos da Previdência Social, funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e trabalhadores das agências reguladoras e da Imprensa Nacional, além da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que agrega 18 setores do chamado carreirão.


A presidente Dilma está certa de que os 15,8% é o melhor que o governo pode oferecer neste momento, sobretudo depois de analisar, com lupa, os números apresentados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, com os aumentos concedidos ao funcionalismo durante o governo Lula. Todas as carreiras de Estado foram agraciadas com ganhos reais exuberantes (veja quadro). Técnicos do Banco Central, por exemplo, tiveram aumento de 90% acima da inflação entre 2003 e 2011. Os auditores da Receita Federal, 50,4%. Por isso, segundo assessores do Planalto, o governo não está mais disposto a avançar. "É pegar ou largar", disse um técnico da equipe econômica.


Prova dos nove
Carreiras de Estado tiveram reajustes de até 90% acima da inflação entre 2003 e 2011
Categorias Ganhos reais


Auditor da Receita Federal 50,4%
Analista da Receita Federal 90,0%
Analista do Banco Central 33,8%
Técnico do Banco Central 90,3%
Delegado da Polícia Federal 21,0%*
Agente de Polícia Federal 12,7%
Regulador das Agências 36,1%
Fiscal agropecuário 71,7%
Diplomatas 51,2%
Polícia Rodoviária Federal 5,5%
Gestão de nível superior 51,2%
* Final de carreira


Fonte: Ministério do Planejamento



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra