Correio Braziliense
- 01/08/2012
Com a suspensão das negociações, servidores se organizam
para interromper atividades em áreas estratégicas. População começará a sentir
o baque nos serviços
As últimas decisões do governo federal em relação à campanha
salarial de 2012 dos servidores públicos federais exaltaram os ânimos dos
grevistas. A suspensão das negociações, o adiamento do prazo para apresentação
de uma proposta às reivindicações e o Decreto nº 7.777, que permite a
substituição dos trabalhadores parados por terceirizados e funcionários de estados
e municípios, caíram como baldes de água fria sobre as lideranças sindicais.
Com as determinações da Presidência da República, trabalhadores de outros
órgãos já falam em engrossar a paralisação nacional nos próximos dias.
Aproveitando as atenções para o julgamento do mensalão no
Supremo Tribunal Federal (STF), o Judiciário já sinalizou que cruzará os braços
nas primeiras semanas de agosto. A Polícia Federal promete para o fim da tarde
de hoje uma vigília em frente ao Palácio do Planalto, e não descarta a
possibilidade de greve geral. Também hoje, às 9h, os fiscais federais
agropecuários farão assembleia para definir se aderem à paralisação nacional.
No caso da Justiça Federal, a previsão é de que a categoria
interrompa as atividades até 15 de agosto, prazo para que o STF encaminhe uma
proposta com os pedidos de reajuste ao Ministério do Planejamento. Nessa data,
os servidores devem participar de uma marcha nacional organizada pela Central
Única dos Trabalhadores (CUT) na Esplanada dos Ministérios.
Já os policiais federais foram atingidos pelo cancelamento
da agenda de negociações do Executivo. A reunião que eles teriam esta manhã com
o Ministério do Planejamento foi transferida para a semana entre 13 e 17 de
agosto. A categoria exige reestruturação da carreira, aumento salarial e
realização de concurso público para a redução do número de trabalhadores
terceirizados dentro da corporação.
Apoio
Homologado na semana passada a pedido da presidente Dilma
Rousseff, o Decreto nº 7.777 tem causado revolta, sobretudo, entre os grevistas
da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ambos os órgãos já publicaram portarias adotando a decisão, enquanto durar a
paralisação de seus servidores, o que tem dificultado a liberação de
mercadorias — inclusive essenciais, como medicamentos — nos portos do país.
Em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o
presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, na última sexta-feira, os representantes
dos servidores das agências reguladoras protestaram contra o decreto e chegaram
a pedir ao ministro que interceda perante o Palácio do Planalto e ao Ministério
do Planejamento para que as reivindicações da categoria sejam atendidas.