domingo, 26 de agosto de 2012

Servidores em greve darão resposta ao governo na terça


Vannildo Mendes
O  Estado de S.  Paulo     -     26/08/2012





Com muita conversa e poucos resultados, terminou hoje o mutirão de dois dias de negociações do governo com categorias do serviço público que reivindicam melhores salários, em meio a uma onda de greves e protestos que trazem transtornos à economia e à população há três meses. Foram realizadas 12 rodadas de negociações com os sindicatos no fim de semana. Todos rejeitaram a proposta do governo, de 15,8% de reajuste, fatiado em três parcelas, mas, mesmo assim, comprometeram-se a dar a resposta final na terça-feira, depois de apresentar os números oferecidos pelo governo às categorias.


O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que aqueles que não aceitarem ficarão sem reajuste em 2013 e só voltarão a negociar salário no próximo ano. "Ponto final: de agora até terça, o governo só vai aguardar retorno (dos sindicatos) e fechar acordos para mandar o projeto do Orçamento ao Congresso, com reajuste apenas para as categorias que aceitaram a proposta", afirmou. "Saio bastante satisfeito e confiante que a grande maioria aceite o reajuste."


Mendonça admitiu que o governo reverterá a decisão de cortar os dias parados para as categorias que fecharem acordo, mediante compromisso de reposição do serviço acumulado. Ressalvou, porém, que a anistia não é automática e as negociações são distintas. "Uma é a negociação da reposição do trabalho, das horas que foram decorrentes da greve. Se houver a possibilidade de acerto sobre a reposição das horas de trabalho, faremos acordo, mas um não depende do outro", observou. Nessa hipótese, segundo ele, o governo devolverá o dinheiro descontado dos grevistas.


A expectativa de Mendonça é que a grande maioria feche acordo e retorne ao trabalho. O governo jogou duro na negociação e conta com o fim do movimento, desgastado pela longa paralisação, o corte dos dias parados e a falta de perspectiva, além do risco real de ficar sem aumento algum no próximo ano.


Na prática, a maior parte das categorias deixou a resposta para a última hora como tática de ganhar tempo. Uma ficou esperando pela outra, na esperança de conseguir algo a mais no contracheque. Desde o início das negociações, porém, o governo se manteve firme na proposta de reajuste linear de 15,8%, dividido em parcelas de 5% de 2013 a 2015.


Pelos cálculos dos sindicatos, 350 mil servidores - 70% do universo de ativos - participaram das paralisações nos últimos três meses, entre os quais os das universidades federais. O governo avalia que entre 75 mil e 80 mil continuam paralisados. Entre estes estão auditores e analistas da Receita, policiais federais e rodoviários e outras carreiras de elite, chamadas de sangue azul, que lutam por reestruturação de suas carreiras.


A primeira categoria a fechar acordo foi a do pessoal do grupo educação, que inclui docentes e técnico-administrativos das instituições federais de ensino, que representam 40% do universo da negociação. Durante o esforço concentrado do fim de semana, sinalizaram em favor do acordo as categorias de fiscais agropecuários e as dos servidores do Instituto Nacional de Pesquisa Industrial (INPI) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As demais pediram para dar a resposta entre segunda e terça.


Desde o início das negociações, o governo realizou 190 reuniões com 31 categorias. Hoje, último dia, foram ouvidas as de controladores de voo e analistas de infraestrutura, que comandam áreas estratégicas das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e estão em rota de colisão com o governo por conta de defasagem em relação às demais profissões de nível superior e mesmo grau de complexidade.


Eles pedem 38% para alcançar equiparação. Sentaram também à mesa os representantes do Instituto Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do pessoal de saúde e seguridade social.


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra