Givaldo Barbosa
O Globo - 09/08/2012
Defendendo reajustes de até 52%, grevistas entram em
confronto com a polícia em Brasília
A menos de um mês do fim do prazo para o envio da proposta
orçamentária ao Congresso Nacional, os servidores públicos federais das
chamadas carreiras de Estado, considerados a elite do funcionalismo, pararam
ontem a Esplanada dos Ministérios. Em busca de reajustes salariais de até 52%,
os manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar no fim do dia, na
Praça dos Três Poderes, quando tentavam chegar até a rampa do Palácio do
Planalto.
Segundo o movimento, cerca de três mil trabalhadores
participaram dos protestos. A PM, no entanto, estima no máximo 600 pessoas. Em
meio à confusão, a polícia chegou a agredir jornalistas e fotógrafos. Mas nem o
uso de cassetetes e gás de pimenta conteve os grevistas, que chegaram ao pé da
rampa do Planalto, lá ficando por cerca de 40 minutos. Ninguém ficou ferido.
Para justificar os pedidos de reajustes tão expressivos, os
manifestantes citaram o salário da ministra do Planejamento, Miriam Belchior,
que beira os R$ 50 mil líquidos, segundo o Portal da Transparência.
Participaram dos protestos servidores do Judiciário, das polícias Federal e
Rodoviária Federal, da Receita Federal e da Advocacia-Geral da União. O
secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi recebido
com vaias e gritos de "pelego" e "traidor" na Conferência
Nacional de Emprego e Trabalho Decente, que teve de ser encerrada antes do
previsto.
Apesar de as greves já terem a adesão de cerca de 300 mil
servidores federais, a ministra do Planejamento disse que o governo precisou
refazer as contas por causa da crise financeira global. Segundo ela, a equipe
econômica está fechando esta semana os números para saber que proposta
apresentar aos servidores.
Nos bastidores, as autoridades trabalham com a possibilidade
de atender a pedidos específicos, como já ocorreu este ano. Ontem, foi
publicada a sanção da lei que concede aumento de 2% a 31% para 937 mil
servidores do Executivo, único grupo contemplado no Orçamento deste ano, ao
custo de R$ 1,5 bilhão.
Em São Paulo, os servidores do Judiciário federal no estado
aderiram ontem à greve da categoria, que já atinge o Distrito Federal e o Mato
Grosso, informou o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado
de São Paulo (Sintrajud). Hoje haverá um ato na Avenida Paulista. A paralisação
em São Paulo é considerada essencial pelos sindicalistas para fortalecer o
movimento.