Correio Braziliense
- 31/08/2012
O clima de insatisfação não foi de todo banido com o
encerramento das negociações entre os servidores em greve e o governo. A oferta
padrão de 15,8% de aumento, em três parcelas, até 2015, reduziu, mas não
aliviou a pressão por aumentos salariais.
Algumas categorias ainda aguardam, do Executivo, um aceno positivo de última hora às suas reivindicações, outras ameaçam ir ao Congresso tentar fazer valer os seus desejos na hora da distribuição para valer dos recursos públicos inseridos no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA).
Algumas categorias ainda aguardam, do Executivo, um aceno positivo de última hora às suas reivindicações, outras ameaçam ir ao Congresso tentar fazer valer os seus desejos na hora da distribuição para valer dos recursos públicos inseridos no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA).
"Estamos fora, não tem acordo. A presidente (Dilma
Rousseff) vai nos ter no pé dela até o fim do mandato. Só nos resta tentar
sensibilizar o relator (do PLOA, senador Romero Jucá) por uma proposta
decente", enfatizou João Maria Medeiros de Oliveira, presidente do
Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação
(Sinagências).
Os reguladores se reuniram ontem em assembleia para decidir o rumo a ser tomado. Voltam ao trabalho na segunda-feira, mas em clima de guerra com o Planalto. Eles queriam, pelo menos, 20% de aumento.
Os reguladores se reuniram ontem em assembleia para decidir o rumo a ser tomado. Voltam ao trabalho na segunda-feira, mas em clima de guerra com o Planalto. Eles queriam, pelo menos, 20% de aumento.
O presidente da Associação Nacional dos Analistas e
Especialistas em Infraestrutura (Aneinfra), Guilherme Floriani, disse que o
impacto financeiro dos 28% solicitados não chega a R$ 39 milhões, para 600 pessoas,
quantia suficiente para resolver o problema do abandono e disparidades nos
vencimentos. "A ministra Miriam Belchior tem que reconhecer o erro e
mandar uma mensagem ao Congresso alterando o texto. O governo nos deve isso.
Fomos um dos poucos que não entraram em greve", reforçou.
Ainda parados
Os auditores fiscais da Receita Federal, que já fizeram
operação-padrão e operação crédito zero, vão continuar no mesmo ritmo. Segundo
a assessoria de imprensa do sindicato da categoria, o Sindfisco, o movimento
não tem data para acabar. Em 4 de setembro, a diretoria se reúne para definir
as estratégias, mas já estão previstas paralisações nos dias 10, 11 e 12, na
Zonas Secundárias (parte administrativa da Receita, que lida com arrecadação de
tributos).
As lideranças da Confederação Nacional dos Servidores
Federais (Condsef) avisaram que manterão as demandas específicas, como a
equiparação de 18 categorias com os vencimentos dos contemplados pela Lei nº
12.777/2010. Grande parte do pessoal que deu o sim aos 15,8% volta a trabalhar
na segunda-feira. Já os trabalhadores do Judiciário, que receberam o mesmo
percentual, vão continuar de braços cruzados. Segundo Jailton Mangueira Assis,
presidente do Sindjus, estão marcadas assembleias para segunda e terca-feira. "Já
que houve essa inclusão à revelia, a categoria vai decidir o que fazer".
(VB)
Processo "vergonhoso"
O presidente da Aneinfra,Guilherme Floriani, chamou de
"vergonhoso" o processo de negociação. "Nem existiu na prática.
Nem sequer tivemos tempo para a categoria decidir. A conversa, na quarta-feira
passada, com o secretário executivo do Planejamento, Valter Correia, foi sem pé
nem cabeça. Ele veio falando que não existe estudo sobre evasão (de
trabalhadores). Uma mentira, porque mandamos várias notas técnicas sobre o
assunto. Tivemos até de explicar o que é o cargo de gestão", reclamou.