Vera Batista
Correio Braziliense
- 06/09/2012
Governo acompanha negociações de bancários, petroleiros,
metalúrgicos e carteiros, que pedem reajuste real de até 10%. CUT quer derrubar
fator previdenciário
O governo voltou a acender o sinal de alerta. Depois de se
livrar da pressão dos servidores públicos federais, que atormentaram o país com
uma greve que ainda acarreta prejuízos ao país, começa a prever problemas
provocados por categorias profissionais poderosas que estão em fase de
negociação salarial.
Fortalecidas, elas exigem ganhos reais (acima da inflação)
de até 10%, ameaçam cruzar os braços e rejeitam as propostas das empresas. São
os casos de bancários, petroleiros, carteiros, químicos e metalúrgicos, com
datas-base marcadas para os próximos três meses. A orientação da presidente
Dilma Rousseff é acompanhar os movimentos com lupa, porque ela não quer ver uma
nova rodada de greves e de desconforto para a sociedade, sobretudo em relação a
funcionários do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, da Petrobras e dos
Correios.
Pauta destravada
Para tentar contornar eventuais transtornos, o Palácio do
Planalto consultou a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Recebeu o recado de
que não será fácil conter os ânimos, se as empresas resistirem. Ontem, o
presidente da Central, Vagner Freitas, encontrou-se com a ministra das Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, e com o presidente da Câmara dos Deputados,
Marco Maia, além de lideranças de vários partidos políticos. Objetivo:
destravar a pauta de negociações com o governo e levar à votação vários
projetos de interesses das centrais que estão parados no Congresso.
"Queremos, entre outras garantias, o fim do fator
previdenciário. Creio que o assunto começará a ser revisto em outubro",
contou Freitas. O Planalto já sinalizou que aceita o fim do fator desde que
haja mudanças nas regras de aposentadoria. Propõe um sistema de transição para
os trabalhadores regidos pelo sistema atual: os homens poderão pendurar as
chuteiras se a soma do tempo de contribuição à Previdência Social e da idade
atingir 95 anos e as mulheres, 85.
Os novos, depois da mudança da lei, só
poderão deixar o mercado de trabalho a partir dos 60 (mulheres) e 65 anos
(homens). A CUT propõe ainda a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre a
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) paga pelas empresas. "Estamos
negociando com Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência da
República). Marcamos uma reunião para semana que vem", disse o sindicalista.
Ontem, os bancários avisaram que entrarão em greve no dia
18. Não aceitaram o reajuste linear de 6% proposto pelos bancos — querem
10,25%. "Condições para dar aumentos maiores os bancos têm", afirmou
Carlos Cordeiro, do Comando Nacional dos Bancários. Os petroleiros querem 10%
de aumento real, os carteiros quase 6% e os químicos, 5%. A campanha salarial
na Petrobras começou em 31 de agosto, com a entrega de uma pauta à empresa. Os
trabalhadores prometem fazer operação-padrão na semana que vem.