Fernando Mello
Folha de S. Paulo
- 16/10/2012
Após assembleias, servidores de 23 Estados e DF decidiram
voltar hoje ao trabalho
Categoria pretende retomar as negociações e aceitar proposta
do governo federal de 15% de reajuste salarial
BRASÍLIA - Depois de 69 dias de paralisação, agentes,
escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal decidiram ontem encerrar a
greve.
Em assembleias independentes, policiais de 23 Estados e do
Distrito Federal votaram pela volta ao trabalho, já nesta terça-feira.
Apenas policiais de dois Estados -Alagoas e Rio Grande do
Norte- votaram pela continuidade da greve, mas foram derrotados pela maioria e
também retomarão as atividades.
Os grevistas da PF ficaram isolados depois que todas as
outras categorias que também paralisaram suas atividades negociaram com o
governo federal e encerraram suas respectivas greves.
O funcionalismo federal realizou, no primeiro semestre, uma
onda de protestos.
A greve da Polícia Federal contou apenas com agentes,
escrivães e papiloscopistas (especialista em identificação), não tendo o apoio
dos delegados.
Essa última categoria aceitou proposta do governo, de
aumento salarial de 15% dividido em três anos. Isso evidenciou um racha entre
as duas categorias.
Com o fim da greve, os policiais querem retomar as
negociações com o governo e aceitar o aumento salarial proposto anteriormente,
de 15% -a categoria reivindicava que o salário inicial, de R$ 7.200, passasse
para cerca de R$ 13 mil em cinco anos, reajuste de 108%.
Na semana passada, policiais federais se reuniram com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
REESTRUTURAÇÃO
"Sempre deixamos claro que nossa meta é a
reestruturação da carreira e da tabela salarial e vamos lutar por esta
agenda", afirmou o presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais, Marcos Wink.
Além de reajuste de salário, os grevistas questionavam a
estrutura de cargos da instituição e cobravam o reconhecimento de suas
atividades como sendo de nível superior.
Os agentes reivindicam que seus pares possam alcançar os
cargos máximos da Polícia Federal, inclusive o de diretor-geral, o que não é
aceito pelos delegados.
JUSTIÇA
Há 15 dias, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconheceu
a legitimidade da greve, mas fixou a necessidade de manutenção de cotas mínimas
de servidores em algumas áreas de trabalho.
A paralisação reduziu drasticamente o número de operações da
PF.
Como a Folha mostrou em setembro, em média, foram 23 por mês
de janeiro a julho. Já no período de greve, esse número caiu para 13.
Fim da greve na Polícia Federal
REIVINDICAÇÕES
Reestruturação da carreira
Aumento do salário inicial, de R$ 7.200, para cerca de R$ 13
mil em cinco anos (reajuste de 108%)
Saída do diretor-geral da PF, Leandro Daiello
PROPOSTA DO GOVERNO
Aumento geral de até 15% dividido em três anos, o que não
foi aceito pela categoria; agora, os policiais devem retomar as negociações com
o governo e aceitar a proposta.