Antonio Temóteo
Correio Braziliense -
04/10/2012
Magistrados decidem fazer greve durante 48 horas, em
novembro, reivindicando reajuste de 28%
Insatisfeitos com o reajuste de 15,8%, dividido em três
parcelas, oferecido pelo Executivo, juízes federais e desembargadores
paralisarão os trabalhos nos tribunais em 21 e 22 de novembro. Os magistrados
argumentam que o índice não cobre as perdas inflacionárias dos últimos três
anos, período em que não receberam aumento salarial. De acordo com a categoria,
a defasagem nos contracheques é de 28,86%, percentual considerado essencial
para a devida recomposição dos vencimentos.
Nos dias em que as atividades estiverem suspensas nos
tribunais, não haverá despachos nem julgamentos. Apenas pareceres liminares ou
urgentes serão concedidos. A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)
também decidiu, em votação convocada na última segunda-feira, que nenhum
magistrado participará da Semana de Conciliação, que ocorre entre 7 e 14 do
próximo mês.
Prejuízos
O Correio procurou o Conselho Nacional de Justiça, órgão
responsável por organizar o evento, para comentar o caso, mas até o fechamento
desta edição não recebeu resposta. Somente no ano passado, os cinco tribunais
da Justiça Federal realizaram 23.619 audiências de conciliação e fecharam
16.385 acordos.
De acordo com o presidente da Ajufe, Nino Oliveira Toldo, os
juízes e os desembargadores associados estão desanimados e insatisfeitos com o
descaso com que vêm sendo tratados. Ele conta que a carreira é desvalorizada
pelo Palácio do Planalto e pela sociedade e que a questão salarial é
preponderante no momento. “Os juízes assumem funções extraordinárias sem
reconhecimento e remuneração (extra). Sempre preferi buscar o diálogo e o
consenso. Mas a insatisfação é crescente em vista da última posição do governo em
conceder 5% ( de aumento, ao ano, parcelado em três vezes), sem levar em conta
qualquer característica peculiar à magistratura.”