Rede de ligações perigosas
Correio Braziliense - 28/10/2012
Sob intervenção do Banco Central há duas semanas, o Banco BVA tem uma relação muito próxima com as fundações de previdência de empresas estatais. Quatro delas, Refer (da Rede Ferroviária), Infraprev (Infraero), Fipecq (Finep) e Serpros (da Serpro), detinham, até o fim do ano passado, R$ 130 milhões em cotas de um fundo de participações, o Patriarca, que detém 24% do capital do banco. Caso a instituição venha a quebrar, esse grupo pode não reaver os recursos.
Mas não é só. A Geap, que administra os planos de saúde dos servidores federais, tem em perigo R$ 36 milhões aplicados em Cédulas de Crédito Bancário (CCB) emitidas pela Bolero Participações, uma empresa usada pelos controladores do BVA para capitalizar o banco. “A instituição corre o risco, caso o banco seja liquidado, de perder o investimento”, admitiu a Geap em nota enviada ao Correio. Segundo a entidade, quando a aplicação foi realizada, em julho de 2010, o banco apresentava “solidez financeira adequada”.
Já a Faceb, que cuida da aposentadoria dos servidores da Companhia Energética de Brasília (CEB), tem R$ 6,7 milhões em Depósitos a Prazo com Garantias Especiais (DPGEs) e R$ 1,2 milhão no Fundo de Diretos Creditórios BVA Master. Apenas os DPGEs estão seguros, já que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) cobre aplicações desse tipo até o valor de R$ 20 milhões. “As operações foram realizadas em 2010, ocasião em que o banco encontrava-se em plena situação de aplicação, haja vista as notas conferidas pelas agências de rating à época”, informou a Faceb em comunicado.
A Infraprev informou que os investimentos no Patriarca “foram realizados tão somente por discernimento técnico”. O Serpros, que tem R$ 146 milhões aplicados no BVA, garante que a maior parte desse capital possui garantias, com exceção de R$ 46,4 milhões colocados no Patriarca. A fundação Refer, dos servidores das estatais ferroviárias, tinha até o fim de 2011, cerca de R$ 125 milhões em produtos do BVA. A Petros, cuja patrocinadora é a Petrobras, detinha, também, aproximadamente R$ 125 milhões. Procuradas pela reportagem, as duas entidades não se manifestaram.