Floriano Martins de Sá Neto
ANFIP - 09/10/2012
Para o antropólogo americano William Ury “existem
basicamente três meios de resolver um conflito: poder, direitos ou interesses.
O melhor deles é por interesses, o pior, pelo poder”. Não é necessária uma
análise muito profunda para se concluir que na recente greve o Governo optou
por impor a força do poder do Executivo, estabelecendo uma vontade unilateral à
maioria das representações dos servidores públicos, que receberão, de maneira
parcelada, reajustes que sequer cobrem a metade das perdas inflacionárias dos
últimos anos.
Diferentemente do governo anterior que, pelo menos no final
de seu mandato, teve uma convivência harmoniosa com os servidores, o atual
governo impôs um arremedo de negociação, arrastada por meses, e ao final sequer
obedeceu as garantias mínimas previstas no art. 37, X da CF: "É assegurada
revisão geral anual dos subsídios e vencimentos, sempre na mesma data e sem
distinção de índices”.
Devemos recordar que antes dos movimentos começarem a
proposta do Governo era reajuste “Zero”, como justificativa a interminável
crise econômica Europeia. Para conseguir dobrar o movimento grevista,
utilizou-se de métodos da cartilha Neoliberal, tão em voga nos anos 90,
liberando à imprensa análises econômicas que atribuem problemas ao Estado
brasileiro como se decorrentes do setor público: “déficits” nas contas públicas
e no sistema previdenciário. Houve, no entanto, um silêncio eloquente sobre o
grande responsável pelo “escoamento de dinheiro” nas contas públicas: o
pagamento de juros e encargos da dívida.
Saindo desse enfoque maniqueísta, há aqueles que acreditam
no papel estratégico do Estado no processo de desenvolvimento e sabem que este
não poderá cumprir com suas obrigações se não possuir um quadro de servidores
dedicados e estimulados. Um município, um estado ou a União tem em seu alicerce
o esforço, a dedicação e o trabalho de milhares de servidores. Esses cidadãos
carregam consigo a responsabilidade de estabelecer um elo entre o Poder Público
e a sociedade, prestando serviços essenciais à população.
É tarefa árdua desmistificar algumas premissas que permeiam o serviço público. Entender algumas considerações é um grande passo para melhor julgar o servidor...
É tarefa árdua desmistificar algumas premissas que permeiam o serviço público. Entender algumas considerações é um grande passo para melhor julgar o servidor...
Leia a íntegra em Reminiscências da greve dos ServidoresPúblicos Federais