Folha de S. Paulo
- 21/11/2012
SÃO PAULO - A ideia de anunciar cotas para negros no serviço
público federal na cerimônia de comemoração do Dia da Consciência Negra no
Palácio do Planalto fracassou, mas o governo já solicitou pareceres para tirar
a ideia do papel. A proposta é defendida pessoalmente pela presidente Dilma
Rousseff.
"Essa discussão está em curso dentro do governo,
estamos colhendo pareceres de vários setores, do próprio Ministério do
Planejamento e da Advocacia-Geral da União para que, com esses pareceres,
possamos levar uma posição governamental para a presidente, para ela poder
fazer a decisão final com relação a isso", disse a ministra Luiza Bairros
(Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), após participar de
cerimônia no Palácio do Planalto que estendeu o programa federal Brasil Sem
Miséria às comunidades quilombolas.
Como a Folha antecipou em outubro, o sistema de cotas
atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados no governo
federal. O percentual ainda está para ser definido e depende de avaliação das
áreas jurídica e econômica da Casa Civil, já em andamento.
"A presidente Dilma, conforme ela afirmou aqui hoje,
tem uma posição inequívoca sobre a importância das ações afirmativas e mais
particularmente das cotas como instrumento fundamental para se superar a
desigualdade racial no Brasil", disse a ministra.
Na tarde desta quarta-feira (21), a presidente voltou a
dizer que o governo repara "injustiças históricas" ao resgatar a
história de luta das comunidades quilombolas. "Nós temos de saber a
importância de nossas raízes nacionais", disse Dilma.