Advogados trocam maior remuneração por estabilidade
REPÓRTER NEWS - 31/01/2013
Se as dificuldades e imposições da rotina de advogado podem ser compensadas com altos salários, a carreira pública oferece, além de pagamentos atrativos para quem está começando a carreira, a estabilidade.
O advogado e professor Sérgio Camargo diz que durante a graduação "a maioria dos alunos pretende seguir carreira pública; geralmente apenas meia dúzia pretende advogar". Para ele, que leciona na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e trabalha no escritório Sérgio Camargo Advogados Associados, a carreira pública é a primeira opção por oferecer estabilidade profissional. "Eles não querem ficar ao bel prazer do setor privado, com suas instabilidades financeiras, metas, questões de empatia, podendo ser demitido a qualquer hora, e ganhando até salários abaixo do piso."
No entanto, não é apenas o conforto da carreira pública ou o salário oferecido para iniciantes que atrai os advogados. Julian Barros, que advoga há dez anos e leciona Direito em faculdades do RJ, está prestando concurso para juiz motivado pela vocação. "Parte das pessoas visa o aspecto financeiro, mas, no meu caso, é uma vocação especial pela matéria. Eu advogo há dez anos, mas sempre fui mais professor que advogado, e o trabalho de juiz me cai como uma luva", conta. Julian, contudo, reconhece que a "o grande atrativo da carreira é a vitalicidade".
Vocação e estabilidade também levaram o criminalista Carmine Lorenzo a concorrer a uma vaga de delegado da Polícia Federal. "Nunca me faltou e sempre foi tranquilo arrumar trabalho como advogado, e financeiramente eu ganho mais do que ganha um delegado da PF. Mas tem a questão da vocação e também da estabilidade", afirma Lorenzo. Ele acredita que tem vocação para ser delegado: "Primeiro pelas atribuições, e pela notoriedade do cargo, estar sempre na mídia, é um cargo importante, envolve investigações importantes em nível nacional."
Já Camargo fez o caminho inverso. Logo que se formou, prestou concurso para a Petrobras, onde atuou por cinco anos, mas voltou para o setor privado. "Mesmo com toda a segurança da carreira pública, para quem é bom, o dinheiro está no setor privado", afirma ele, que também encontrou a satisfação pessoal na advocacia. "O cara que estudou Direito por quatro anos, às vezes passa num concurso para virar carimbador de papel. Ele não usa para nada o intelecto que desenvolveu", diz.