sexta-feira, 19 de abril de 2013

CCJ do Senado aprova 7,6 mil cargos federais


Júnia Gama
O Globo      -      19/04/2013




Projeto precisa ser votado em plenário; custo de novas vagas será de R$ 480 milhões por ano

Brasília - Sob protesto da oposição e em esvaziada sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), realizada ontem de forma extraordinária, o Senado aprovou a criação de 7,6 mil cargos públicos federais de provimento efetivo, a serem preenchidos por concurso público. O projeto de lei da Câmara que altera o Plano Geral de Cargos do Executivo terá de passar pelo plenário do Senado, para depois ir à sanção presidencial. Essas vagas, quando preenchidas, custarão R$ 480 milhões por ano.

Segundo o relator da matéria, senador Gim Argello (PTB-DF), a maioria dos cargos é para as áreas de ciência e tecnologia, infraestrutura e regulação. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que, apesar de aumentar gastos do governo, as vagas são necessárias por conta da "expansão" das atividades.

- O governo tem que criar cargos, porque está expandindo serviços, tem muita gente se aposentando. É preciso suprir esses cargos relevantes para a área de educação, saúde, tecnologia. É muito natural essa ampliação que temos de fazer do serviço - disse Jucá.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) criticou a manobra governista, afirmando que a aprovação se deu de forma "sorrateira", com a sessão da CCJ convocada de última hora. Para o senador, a criação de cargos é contraditória e irresponsável, e a presidente Dilma Rousseff estaria agindo mais como candidata do que como presidente.

- Essa aprovação foi sorrateira, hoje não é dia de CCJ, fizeram uma sessão extraordinária, sem a presença da oposição. Aplicou-se um golpe, embora o governo não precise disso, porque tem maioria esmagadora, mas se aproveitou de um momento de esvaziamento. Em um momento em que o governo enfrenta dificuldades para combater a inflação e cumprir a meta de superávit primário, criar cargos que aumentam despesas correntes e diminuem a capacidade de investir, isso fica na contramão - afirmou Dias, antecipando que a oposição tentará barrar o projeto no plenário do Senado: - Vamos votar contra e pedir a votação nominal. É incoerente, contraditório, inoportuno. Revela que o governo é irresponsável em seu dever de estabelecer prioridades. Isso é oportunismo eleitoreiro, mais uma vez a presidente age muito mais como candidata do que como presidente.

Como o projeto não foi alterado, irá a plenário com requerimento solicitando votação em regime de urgência. Autor do pedido de análise urgente, o senador José Pimentel (PT-CE) afirmou que a matéria é fundamental para estruturar a máquina pública federal.

O maior número de cargos, entre os 7,6 mil, é para a área de ciência e tecnologia: 3.594 vagas. Os cargos serão preenchidos por meio de concurso público e conforme necessidade do governo, a partir de 2014. Os demais são para cargos de administrador, agente administrativo, economista, engenheiro e médico-veterinário, entre outros.

O Orçamento de 2013, no chamado anexo V, que trata de despesas com pessoal, prevê a criação este ano de 53,6 mil cargos no âmbito do Poder Executivo (incluindo a substituição de terceirizados), com o preenchimento de 49,3 mil vagas. O impacto previsto nesse anexo é de R$ 2,4 bilhões em 2013, e R$ 4 bilhões por ano.

Para os três poderes, a previsão de criação de 61,9 mil cargos em 2013, com impacto de R$ 3 bilhões este ano, e de R$ 5,1 bilhões no prazo de 12 meses.

A folha de pessoal cresceu em 2013. Por conta do reajuste de 5% dado pelo governo, o gasto com pessoal aumentou 11,9% em 2013, de R$ 203,4 bilhões para R$ 225,9 bilhões. No total, o impacto dos reajustes previstos no Orçamento, em 2013, é de R$ 10,2 bilhões nos três poderes, indo a R$ 12,9 bilhões com os servidores terceirizados.

Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra