Correio Braziliense
- 03/05/2013
Estudo mostra que 86,2% dos funcionários da União atuam na
área central, enquanto 64,82% deles residem no ou próximo ao Plano. A maioria
dos trabalhadores distritais vivem em Taguatinga, ainda que 53,5% das vagas do
GDF estejam em Brasília
Quase 120 mil
servidores públicos se deslocam todos os dias de suas cidades para trabalhar no
Plano Piloto. A aglomeração da administração pública no coração da capital
federal agrava o problema da concentração dos postos de trabalho, e os
brasilienses sofrem cada vez mais com os efeitos do inchaço, como trânsito
intenso em horário de pico e falta de estacionamento público. Do total de vagas
no setor, 47,72% estão em Brasília, mas apenas 8,89% dos ocupantes moram na
região. No governo federal, essa relação é mais desigual, com 86,28% das
ocupações na área central, contra 57,58% do Governo do DF. Os dados foram
divulgados na manhã de ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal
(Codeplan).
Em contrapartida, a maior parte dos servidores da União
moram no Plano Piloto, 26,72%, ou em cidades próximas, 38,1%. "Esses
servidores recebem maiores salários e, por isso, vivem em regiões de alta
renda", explicou o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya. Já os
empregados do governo local residem, em sua maioria, em Taguatinga e em regiões
próximas, que somam 40%. Em números absolutos, 163,7 mil pessoas trabalham em
Brasília, mas apenas 44,2 mil habitam a área. No total, 22,2% (238,8 mil) dos
brasilienses estão no setor público.
Polos
"Trabalhamos com dois principais polos: Plano Piloto e
Taguatinga. A construção de um novo centro administrativo entre Ceilândia e
Taguatinga poderia resolver muitos problemas ligados ao trânsito", disse
Miragaya. "É preciso reafirmar que o DF não se restringe ao Plano Piloto.
Por isso, não há impedimento que órgãos locais ou federais se espalhem pelas
cidades." Ele previu que a Pesquisa Metropolitana por Amostra de
Domicílios (Pmad), que abrange o Entorno, revelará uma situação ainda mais
grave.
Servidor do governo federal há 16 anos, Adriano Rodrigues,
39, mora no Núcleo Bandeirante e trabalha na Esplanada dos Ministérios.
"Vou para o serviço todos os dias de carro e não pego muito trânsito no
horário que saio de casa, porque tenho um atalho. Entro às 9h, quando o fluxo
de veículos também já não é tão intenso", contou. Ele, entretanto, tem
dificuldades para estacionar o veículo. "Tanto perto de casa quanto no
Plano Piloto é frequente não encontrar vagas. Por isso, seria ideal que, além
do GDF, os órgãos da União também se dispersassem", opinou.
A servidora do GDF Maísa Santos Costa, 34 anos, mora em
Planaltina e vai ao Plano Piloto todos os dias de ônibus. "Pego muito
trânsito e tenho que acordar bem mais cedo para chegar na hora ao trabalho.
Demoro cerca de uma hora e meia em um trajeto que em outros horários faria em
40 minutos, é um absurdo", reclamou. Ainda assim, ela não ficou satisfeita
com a ideia de um novo centro administrativo em Taguatinga. "Para mim,
seria muita contramão. Mesmo com os transtornos, prefiro Brasília."
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