Correio Braziliense -
30/08/2013
O acerto do governo com os servidores para reajustar os
salários em 5% ao ano até 2015 diminuiu as pressões de grande parte das
categorias. Ainda assim, a folha de pagamento da União fica a cada ano mais
pesada. Apenas a atualização dos contracheques em 2014 vai custar aos cofres
públicos R$ 15,6 bilhões, valor que já inclui os terceirizados. Os dados
constam no Orçamento do próximo ano, divulgado ontem pela equipe econômica,
documento que foi alvo de crítica de especialistas. Eles alertam que o peso do
funcionalismo engessou a máquina pública e criou uma elite sustentada pela
burocracia, um grupo de pessoas com excelentes salários, mas que oferecem
retorno limitado para a sociedade.
Para os especialistas, essa "aristocracia"
burocrática obriga o Estado a cobrar cada vez mais impostos para manter a
máquina pública que, muitas vezes, é pouco eficiente. "O Estado tem de ter
um tamanho adequado. Quanto maior ele for, mais terá de garantir a
produtividade do sistema que ele opera", argumentou Paulo Rabello de Castro,
presidente do Instituto Atlântico e integrante do Movimento Brasil Eficiente.
"Se o Estado decide ficar mais gordo e não tem condições de entregar o que
a sociedade precisa, está desviando de forma criminosa recursos e energia da
população", criticou.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, apesar do
tamanho da folha de pagamento e dos gastos de custeio, disse que o governo está
empenhado no controle fiscal não apenas em 2013, pretende levar essa
austeridade para 2014. "Quando tomei posse como ministra falei da
necessidade de não demonizar o gasto de custeio como um todo. Médico e saúde é
custeio. Professor e giz é custeio. Transferência de renda é custeio e a gente
sabe da importância disso para a sociedade", disse. "Nos gastos com funcionalismo
para o próximo ano já estão previstos o reajuste e as novas contratações",
afirmou.
Alexandre Póvoa, economista-chefe da Canepa Asset, vê com
desconfiança a promessa do governo de segurar o custeio. "Acho muito
difícil haver um controle mais sério das despesas", observou. "Pelo
menos eles admitiram que a contabilidade criativa foi usada em exagero e têm
dado sinais de que isso deve diminuir, um primeiro passo importante".
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